Costa realça que foi Jerónimo quem deu “o primeiro corajoso e decisivo passo” para a “geringonça”

A líder do Bloco fala de “combates comuns” com o PCP. À direita, Montenegro e Cotrim elogiam Jerónimo, mas o liberal sublinha que comunistas “continuam a apoiar ditaduras”.

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Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, vizinhos de bancada no Parlamento Daniel Rocha

O primeiro-ministro e secretário-geral do PS, António Costa, expressou este domingo “profunda estima” pelo secretário-geral cessante do PCP, Jerónimo de Sousa, e realçou que foi dele “o primeiro, corajoso e decisivo passo” para a chamada “geringonça”.

“Antes da dimensão política, evoco a sua cordialidade e empatia e a profunda estima que me liga a Jerónimo de Sousa”, escreveu António Costa, na sua conta na rede social Twitter.

“Saúdo o militante e o dirigente do PCP. E recordo que foi ele que deu o primeiro, corajoso e decisivo passo que, em Novembro de 2015, abriu as portas a uma nova relação na esquerda portuguesa”, acrescentou o primeiro-ministro e secretário-geral do PS. António Costa referia-se à governação entre 2015 e 2021 com apoio parlamentar dos partidos à esquerda do PS, solução que ficou conhecida como “geringonça”.

Também no Twitter, o secretário-geral adjunto do PS, João Torres, assinalou a saída de Jerónimo de Sousa da liderança do PCP. “Apesar das diferenças, Jerónimo de Sousa sempre foi capaz de granjear respeito e simpatia pessoal no nosso país. Abre-se um novo ciclo com a saída da liderança do PCP, após 18 anos, de um deputado constituinte que sempre se bateu com firmeza e coerência pelos seus ideais”, considerou o socialista.

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, também recorreu ao Twitter para deixar uma mensagem sobre a saída de Jerónimo de Sousa da liderança do PCP em que afirma a sua convicção em que os dois partidos que apoiaram a chamada “geringonça” ainda vão encontrar-se em “combates comuns”.

“Exemplo de abnegação e entrega, Jerónimo de Sousa é o rosto de uma parte imprescindível da esquerda. Estou certa que continuaremos a encontrar-nos em combates comuns”, escreveu Catarina Martins.

Uma afirmação que também parece remeter para os tempos em que os dois partidos apoiaram o primeiro Governo de António Costa, algo que seria depois motivo de contestação interna tanto num como no outro.

Já o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, evitou comentar a saída de Jerónimo de Sousa da liderança do PCP, optando por realçar que o histórico dirigente comunista “foi sempre muito cordial”.

Em declarações aos jornalistas, em Coimbra, onde a IL reuúne o Conselho Nacional, o líder demissionário da IL disse que “não gosta de comentar” a vida interna de outros partidos, para justificar a recusa parcial em reagir à substituição de Jerónimo de Sousa por Paulo Raimundo, no cargo de secretário-geral do PCP, que o antigo operário metalúrgico exercia há 18 anos.

Ainda assim, João Cotrim Figueiredo enfatizou algumas diferenças ideológicas entre a IL e o PCP, alegando que o mais antigo partido português “continua a apoiar ditaduras”, 101 anos depois da sua fundação, em 1921, e em geral regimes “que violam os direitos humanos”. “Não é um partido democrático e não gostaria de comentar a sucessão de Jerónimo de Sousa sem deixar isso claro”, concluiu, citado pela Lusa.

No sábado, horas depois do Comité Central do PCP ter indicado o nome de Paulo Raimundo para substituir Jerónimo de Sousa, Luís Montenegro, presidente do PSD, também reagiu no Twitter à saída de Jerónimo de Sousa. “Estou nos antípodas do comunismo. Mas respeito democraticamente os seus “crentes”. No caso de Jerónimo de Sousa, sempre apreciei a sua simplicidade e urbanidade. Sempre me emprestou simpatia pessoal e lealdade no combate político. Desejo-lhe felicidades pessoais e familiares”, escreveu.

As primeiras reacções de políticos à substituição na liderança do PSD vieram do Presidente da República e do presidente da Assembleia da República, logo na noite de sábado.

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