Empresas portuguesas pedem financiamento para a transição climática

No arranque da COP27, a organização apresentou um manifesto onde refere que quer “aprofundar e concretizar a Lei Europeia do Clima” e apostar na promoção de soluções baseadas na natureza.

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O grupo BCSD Portugal pede a “consolidação de um sistema de comércio de licenças de emissão global” Daniel Rocha

A associação BSCD Portugal, que junta cerca de 140 empresas de referência, apresentou um manifesto, a propósito da COP27, onde pede várias medidas, incluindo o financiamento que assegure a transição climática, segundo um comunicado. “Quase a meio do caminho da Agenda 2030 das Nações Unidas -- a qual definiu, em 2015, 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável -- e num momento crítico para a concretização do Acordo de Paris sobre o clima, é fundamental que esta seja uma década de acção”, indicou a entidade.

Até sexta-feira, o manifesto tinha sido subscrito por 80 empresas. “Até 2030, será necessário reduzir as emissões globais de gases com efeito de estufa em 45%, em comparação com os níveis de 2010 -- o que implica uma redução anual até 2030 superior à que ocorreu em 2020 devido ao confinamento provocado pela pandemia covid-19, agora sem as nossas vidas e economias confinadas”, constata o documento. “É importante que a COP27 dê um contributo prático e concreto para o cumprimento do Acordo de Paris sobre o clima.”

Acompanhe a COP27 no Azul

A Cimeira do Clima das Nações Unidas é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. Este ano é no Egipto, de 6 a 18 de Novembro. Acompanhe aqui a Cimeira do Clima. 

Assim, o BCSD Portugal pede a “consolidação de um sistema de comércio de licenças de emissão global” com o “alargamento dos mercados e sistemas de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa a nível global”.

O “aprofundamento nas geografias onde já vigoram, com base em preços de carbono que efectivamente incentivem e acelerem a descarbonização dos nossos sistemas económicos e estilos de vida”, a “homogeneização de critérios por parte dos diversos blocos económicos” e o “incentivo dos mercados de compensação voluntários em fases de transição” são outros pontos defendidos.

A organização quer ainda “aprofundar e concretizar a Lei Europeia do Clima”, com o “aprofundamento dos planos e regulamentação actuais nos aspectos mais relevantes, nomeadamente, no que diz respeito ao Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 e à Lei do Clima”, a “adopção de um esquema de incentivos mais robusto e de uma fiscalidade mais verde”, e dos “planos de acção da UE Fit for 55 e RePowerEU”.

Para o BSCD, eram ainda necessárias “novas exigências ao nível da partilha de informação ESG”, com a conclusão da “criação de um “standard” universal para reporte de riscos, dependências e impactos ESG (ambientais, sociais e de “governance"), nomeadamente, no que diz respeito ao clima” e “aprofundar e alargar as exigências de reporte de informação não financeira, de diligência ao nível das cadeias de abastecimento e de rotulagem”.

O BSCD destacou, por outro lado, a “mobilização do financiamento necessário para a transição”, com a promoção e incentivo dos “diversos instrumentos financeiros, públicos e privados, de apoio à transição para a sustentabilidade, designadamente, para o investimento em soluções sem carbono ou de baixo carbono” e medidas para “assegurar que a transição climática é justa e inclusiva e, no que diz respeito aos países em desenvolvimento, criar condições para que tenham acesso às soluções de descarbonização conhecidas”.

Por fim, o BSCD quer a “promoção de soluções baseadas na natureza”, através do incentivo e prioridade “às soluções assentes na natureza, ou seja, que contribuam para a circularidade das cadeias de valor através do restauro e valorização de ecossistemas e biodiversidade”.

“O desenvolvimento claro destas seis linhas de actuação prioritárias na COP27 daria um contributo importante para uma economia global mais justa e livre de carbono”, indicaram, destacando que sem esta transição climática, “o futuro será cada vez mais incerto e as crises económicas, energéticas, sociais e ambientais mais frequentes”.

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