Viúva de David Bowie revela ter recusado trabalhos quando não recebia o mesmo que as modelos brancas

Em entrevista, Iman recorda a discriminação que sofreu no início da sua carreira nos anos 1970, quando se mudou para os EUA.

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Iman foi casada com David Bowie, de quem tem uma filha Instagram

No início da sua carreira, a ex-modelo somaliana Iman Abdulmajid, conhecida por Iman, recusou trabalhos por não receber o mesmo que colegas de profissão que eram brancas, revelou à revista digital norte-americana The Wrap, no início da semana, acrescentando que só aceitava quando recebia propostas iguais às companheiras.

Iman, que fugiu do seu país natal para o Quénia, em 1972, contou à The Wrap que, quando começou a carreira de modelo nos EUA, na década de 1970, havia diferenças no tratamento das modelos por causa da cor da pele. Então, a indústria era “racista”, acusa. “Quando cheguei, uma das coisas com que fui confrontada era que havia uma discrepância de remuneração entre modelos negros e brancos, e eu não conseguia compreendê-la”, lembra a supermodelo, que tinha acabado de celebrar 19 anos.

Então, numa conversa com a sua agente, Iman, que esteve casada com o cantor e compositor britânico David Bowie, de 1995 até à sua morte em 2016, declarou de forma explícita que queria ser paga de igual forma por trabalho igual, recusando-se a trabalhar. Em 2021, à revista norte-americana People, a modelo contou que, na altura, decidiu fazer “greve” durante três meses até que lhe propuseram os mesmos valores oferecidos às outras modelos.

Ao The Wrap a ex-top model conta o que já em 2012 dissera à cadeia televisiva CBS, que que quando o fotógrafo Peter Beard a descobriu nas ruas de Nairobi, em 1975, um artigo do New York Post a apresentava como uma pastora que não falava inglês, uma história totalmente falsa, uma vez que Iman era filha de um diplomata e falava cinco línguas, inglês incluído.

Logo que pôde, a então modelo, ainda no Quénia, desmentiu aquela história, revelando a sua forte personalidade e tomando nas suas mãos as rédeas da sua carreira. “Eu ia ter a minha voz”, justifica ao The Wrap, e tem sido assim desde então, acredita a produtora-executiva da série documental sobre modelos negras da Vogue. A série apresenta várias mulheres negras que foram pioneiras na indústria da moda, incluindo a própria Iman.

Enquanto jovens modelos, filmadas para esta série, como Halima Aden, estão gratas por chegarem à moda numa altura em que a diversidade está na ordem do dia, Iman lembra que não foi assim no início da sua carreira. A ex-modelo recorda que em 1994, criou a sua própria marca de beleza, adequada a pessoas com tom de pele escuro, a Iman Cosmetics, porque não havia bases adequadas e os maquilhadores pediam às modelos para levarem a sua própria maquilhagem — uma atitude que a ex-modelo considera discriminatória.

Iman acredita que a indústria evoluiu muito nas últimas décadas, com a ascensão à fama de modelos como Naomi Campbell ou Tyra Banks. No entanto, alerta para a facilidade com que se pode regredir, por isso, é preciso estar atento, conclui na entrevista à The Wrap.


Texto editado por Bárbara Wong

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