Planos da China para anexar Taiwan avançam “com um calendário muito mais rápido”, diz Blinken

Secretário de Estado norte-americano falava depois de Xi Jinping ter sublinhado que Taiwan é uma peça central do seu projecto de “reunificação e rejuvenescimento da grande nação chinesa”.

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Xi deu início do Congresso do Partido Comunista Chinês afirmando que "Taiwan é um assunto do povo chinês" MARK R. CRISTINO/EPA

Com Xi Jinping, os planos de Pequim para anexar Taiwan avançam com um “calendário muito mais rápido”, afirmou o secretário de Estado norte-americano. Os comentários de Antony Blinken surgem depois de Xi ter aberto o 20.º Congresso do Partido Comunista com um discurso onde deixou claro que Taiwan se encaixa no seu projecto central para a China: a “reunificação e rejuvenescimento da grande nação chinesa”. A “questão de Taiwan é um assunto do povo chinês e deve ser resolvida apenas pelo povo chinês”, disse ainda.

“Em vez de manter o statu quo que foi estabelecido num contexto positivo, [Pequim tomou] uma decisão fundamental de que o statu quo já não é aceitável, e Pequim está determinada a buscar a reunificação com um cronograma muito mais rápido”, disse Blinken na Universidade de Stanford, durante uma conversa com a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice.

Nos planos do Presidente chinês, continuou Blinken, temos uma situação em que “se os meios pacíficos não funcionassem, então empregaria meios coercitivos e, possivelmente, se os meios coercitivos não funcionarem, talvez possa forçar uma maneira de atingir seu objectivo”. “É isso que está a perturbar profundamente o statu quo e a criar tremendas tensões”, afirmou ainda o responsável dos Estados Unidos.

Domingo, o Presidente chinês também avisou que “nunca prometeu renunciar ao uso da força” em Taiwan. Há precisamente um ano, num discurso em Pequim, Xi escolheu o “separatismo pela independência de Taiwan” como o grande inimigo do objectivo de “reunificação” entre a China e a ilha, prometendo cumprir o “desígnio histórico” de reunir a ilha com o continente. A questão não são tanto as palavras de Xi mas o facto de as repetir ao mesmo tempo que as forças militares chinesas têm intensificado as incursões no espaço aéreo taiwanês, por vezes com dezenas de aviões.

Mais recentemente, depois de uma visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, ao território reivindicado pela China, Pequim levou a cabo exercícios de “bloqueio conjunto” da ilha, de “assalto marítimo”, de “ataque terrestre” e de “combate aéreo” em seis zonas marítimas e aéreas, com a “demonstração” de que a China “tem o controlo absoluto da questão de Taiwan”.

Na sequência da visita de Pelosi, a China suspendeu a cooperação militar, judicial e climática com os EUA, ao mesmo tempo que Washington anunciava o aprofundamento das relações comerciais com Taipé. Logo depois, quando questionado se “os americanos defenderiam Taiwan no caso de uma invasão chinesa”, o Presidente norte-americano, Joe Biden, respondeu: “Sim, se de facto ocorresse um ataque sem precedentes”.

A propósito das declarações de Blinken, vários analistas interrogam-se se estas se explicam com alguma informação nova ou se reflectem apenas os últimos acontecimentos e a observação do comportamento chinês. “Estarão os EUA na posse de alguma informação que indique uma viragem?”, escreveu no Twitter o analista Bill Bishop, notando que não há nada nos documentos públicos chineses ou no discurso de Xi que indique uma aceleração do calendário.

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