Kiev de novo na mira da Rússia, desta vez com recurso a drones suicidas

Mais de vinte drones que se suspeita serem de fabrico iraniano foram lançados contra a capital ucraniana durante a manhã e quatro pessoas morreram. Ao fim do dia houve nova troca numerosa de prisioneiros.

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As Forças Armadas ucranianas garantem ter abatido a maioria dos drones, mas pelo menos cinco caíram na cidade VADYM SARAKHAN/EPA

Uma semana depois, Kiev voltou a estar na mira dos ataques russos esta segunda-feira. Mas desta vez não foram mísseis que caíram na capital ucraniana, antes os drones suicidas que a Ucrânia acusa o Irão de fornecer à Rússia.

O presidente da câmara local, Vitali Klitschko, disse que foram lançadas 28 destas aeronaves não tripuladas contra várias partes da cidade e que cinco delas atingiram alvos no terreno. Os drones são lentos e barulhentos, segundo o The New York Times, pelo que a sua chegada se fez anunciar com um som semelhante ao de uma motoreta. Os repórteres na cidade descreveram o barulho que se ouviu depois: o dos tiros ucranianos para tentar abater os invasores. A acreditar nos números de Klitschko, a missão foi relativamente bem-sucedida.

O esforço não foi suficiente, no entanto, para evitar a morte de pelo menos quatro pessoas. Um casal, incluindo uma mulher grávida de seis meses, morreu quando um drone atingiu um prédio residencial em frente às instalações da companhia de energia Ukrenergo, que seriam provavelmente o alvo do ataque.

Os drones surgiram no céu de Kiev antes das 7h e por volta das 8h, em plena hora de ponta, e eram visíveis a olho nu a sobrevoar os prédios a baixa altitude. As Forças Armadas ucranianas dizem ter abatido 37 destes veículos não tripulados entre domingo à noite e segunda-feira de manhã. Ao El País, um porta-voz do Exército declarou os drones foram lançados a partir da Bielorrússia.

“O inimigo pode atacar as nossas cidades, mas não será capaz de vergar-nos”, declarou Volodymyr Zelensky, acusando a Rússia de “aterrorizar a população civil”. O seu assessor Mikhailo Podoliak co-responsabilizou o Irão, acusando o país de cumplicidade no “assassínio de ucranianos”.

O regime de Teerão nega que os drones sejam seus. “Nós não fornecemos quaisquer armas às partes da guerra na Ucrânia”, garantiu um porta-voz dos Negócios Estrangeiros, Nasser Kanani.

Na Ucrânia, nos Estados Unidos e na União Europeia poucos acreditam nessa versão. E Kiev insiste no pedido aos parceiros ocidentais para que enviem mais sistemas de defesa antiaérea. “As democracias e as mentes mais brilhantes do mundo devem unir-se para repelir estes ataques e derrotar o mal”, escreveu no Twitter o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov.

Troca de prisioneiros

As autoridades ucranianas dizem que também nas regiões de Dnipro e Sumi houve ataques russos que atingiram infra-estruturas de energia e deixaram milhares de pessoas sem electricidade.

Do outro lado da barricada, a Rússia acusou a Ucrânia de ter bombardeado um edifício administrativo em Donetsk, matando pelo menos uma pessoa.

Ao fim do dia, numa cidade russa nas margens do Mar de Azov, uma aeronave militar despenhou-se contra um prédio residencial e pelo menos três pessoas morreram. Segundo o Ministério da Defesa, que cita os dois pilotos que conseguiram ejectar-se, o bombardeiro estava a fazer um voo de treino quando um dos motores se incendiou e caiu em Ieisk. O Comité Investigativo da Rússia decidiu abrir uma investigação criminal e enviou investigadores para o local.

Esta segunda foi ainda dia de mais uma numerosa troca de prisioneiros entre os dois lados. Foi Andrii Iermak, chefe de gabinete de Zelensky, que a anunciou, especificando que foram libertadas 108 mulheres ucranianas. Já para a Rússia regressaram sobretudo marinheiros da marinha mercante que estavam retidos nos portos da Ucrânia quando a guerra estalou, segundo a agência estatal Ria Novosti.

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