Nigéria informa Galp de que inundações reduziram produção de gás. Governo afasta cenário de escassez

A Galp recebeu da Nigéria o aviso de que as cheias dos últimos dias perturbaram significativamente a produção e o envio de gás natural. Governo afasta cenário de falta de gás e rejeita “informação alarmista”.

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A Galp é presidida por Andy Brown, que irá deixar a empresa no final do ano Daniel Rocha

A Galp anunciou nesta segunda-feira que a sua principal fornecedora de gás natural, e aquela de onde vem o gás que abastece o mercado regulado e a central eléctrica da Tapada do Outeiro, a Nigeria LNG, lhe comunicou disrupções na produção, devido às graves inundações que têm afectado o país nos últimos dias.

Segundo um comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Galp diz ter recebido da Nigeria LNG (empresa controlada pelo Estado nigeriano) uma comunicação de “motivo de força maior” resultante das inundações no país, que são as piores da última década e já mataram mais de 600 pessoas.

Esta situação causou “uma redução substancial na produção e no abastecimento de gás natural liquefeito”, refere a empresa ainda presidida por Andy Brown.

O Ministério do Ambiente divulgou entretanto um comunicado em que “informa que não existe neste momento qualquer confirmação de redução nas entregas de gás da Nigéria”. Sublinhando que “qualquer informação alarmista é desadequada, ainda mais em tempos de incerteza global”. O ministério liderado por Duarte Cordeiro garante que, mesmo que a redução das entregas de gás da Nigéria venha a confirmar-se, “não há escassez no mercado”.

A Galp não fecha a porta a efeitos negativos nos carregamentos previstos para Portugal: “Nesta fase não foi divulgada mais informação que permita avaliar os potenciais impactos deste acontecimento, que poderá, contudo, resultar em disrupções adicionais de aprovisionamento para a Galp”, reconhece a empresa.

A petrolífera refere ainda que lamenta o impacto humanitário das graves inundações da Nigéria e adianta que irá continuar a acompanhar a situação de perto e a “informar sobre qualquer desenvolvimento relevante”.

Na semana passada, o ministro do Ambiente confirmou que, entre o final do ano passado e este ano, a Nigéria falhou o envio de quatro cargas para o mercado português, mas mostrou-se confiante de que o país iria conseguir receber pelo menos mais 11, como noticiou o Jornal de Negócios.

Um fluxo para o qual não há certezas, tendo em consideração a situação de emergência em que se encontra o país africano. Ao invocar “motivo de força maior” na origem de quaisquer perturbações na produção, a Nigeria LNG também poderá precaver-se de eventuais acusações de quebra contratual.

São os contratos da Galp com a Nigeria LNG, assinados entre o final da década de 90 e o começo da década de 2000, que abastecem o mercado regulado, que neste momento tem cerca de 300 mil clientes, mas para os quais pode mudar mais de um milhão, para escapar aos aumentos de preços do mercado liberalizado.

As quebras dos envios nigerianos já no ano passado justificaram mesmo a ida do secretário de Estado da Energia ao país, em Setembro, para insistir num cumprimento dos contratos entre a Nigeria LNG e a Galp.

Notícia actualizada às 00h25. Incluída a reacção do Ministério do Ambiente, informação acrescentada também no título.

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