Suu Kyi condenada a mais três anos de prisão, desta vez por corrupção

A antiga activista, Prémio Nobel da Paz em 1991, foi detida na sequência do golpe militar de Fevereiro do ano passado. Desde então, tem sido condenada por novos crimes de forma regular, num total de 26 anos de cadeia.

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Prémio Nobel da Paz em 1991, Suu Kyi já foi condenada a um total de 26 anos de prisão EPA/RUNGROJ YONGRIT

Entre as muitas acusações e condenações de que Aung San Suu Kyi foi alvo nos últimos 20 meses, já havia crimes de corrupção, mas também de fraude eleitoral, violações da lei do segredo de Estado ou da lei de importação e exportação, por ter em casa rádios que teriam entrado ilegalmente na Birmânia. Desta vez, Suu Kyi, derrubada do poder no golpe militar de Fevereiro de 2021, foi condenada a mais três anos de prisão por duas novas acusações de corrupção.

Ao todo, a ex-activista já tinha sido condenada a 23 anos de cadeia – tendo em conta as restantes acusações que enfrenta, pode acabar condenada a mais de 120 anos atrás das grades.

A ex-governante foi condenada por alegadamente aceitar 550 mil dólares (566 mil euros) em subornos de um homem de negócios, Maung Weik, uma acusação que ela nega. Os seus advogados têm repetido que todas estas acusações têm motivações políticas. Na anterior condenação, o mês passado, os três anos de prisão vieram acompanhados de trabalhos forçados. Nesse processo, a Prémio Nobel da Paz, de 77 anos, era acusada de fraude nas eleições de 2020, que deram a maioria absoluta à sua Liga Nacional para a Democracia (NLD) e deixaram o Partido da Solidariedade e do Desenvolvimento da União (USDP), ligado ao Exército, com uma representação reduzida na Assembleia da União.

A alegada fraude eleitoral, nunca demonstrada, foi o motivo oficial para a tomada de poder pelos militares, chefiados pelo general Min Aung Hlaind, que assumira o comando do Exército em 2011.

Suu Kyi, antiga activista pró-democracia, com 23 anos de resistência pacífica contra a ditadura birmanesa, em prisão domiciliária até 2010, encontra-se agora em isolamento numa prisão de Naypyidaw, a capital do país, uma das cidades onde a contestação que se seguiu ao golpe, violentamente reprimida pelos militares, mais se fez sentir.

A repressão, que calou a contestação generalizada, não esmoreceu. A semana passada, um jornalista japonês foi condenado a dez anos de prisão por sedição e por violar a lei das comunicações electrónicas. Toru Kubota, de 26 anos, foi detido quando filmava um protesto, em Julho. No mesmo mês, a junta militar executou dois activistas pró-democracia e outros dois homens acusados de terrorismo, depois de um julgamento condenado pelas Nações Unidas e por organizações internacionais de direitos humanos.

Com Lusa

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