Austral, o SUV com que a Renault quer reconquistar o segmento C

Anunciado com “a mecânica híbrida mais eficiente do mercado”, equipado com quatro rodas direccionais e a estrear o equipamento Esprit Alpine, no portefólio da Renault o Austral substitui o Kadjar. Mas pouco se inspira neste SUV.

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O Renault Austral é proposto a partir de 33.300€ DR

À luz da lei de 2015, ano em que o modelo foi apresentado em Genebra e lançado noutros mercados, o Kadjar pagava Classe 2 nas portagens portuguesas. O que, depois de conhecida a trajectória comercial, por exemplo, do Opel Mokka, um sucesso de vendas por toda a Europa, que em Portugal se viu prejudicado pelo mesmo problema, levou a Renault a adiar o lançamento no mercado luso — acabaria por o conseguir, depois de lhe aumentar o peso bruto. Dessa forma, desde que fosse 4x2 e tivesse contrato com a Via Verde, passava a pagar Classe 1.

Mas terá sido o atraso no lançamento, numa altura em que várias marcas se atiraram à jugular do Nissan Qashqai, dono e senhor do segmento dos SUV familiares (o actual 3008, por exemplo, chegou em 2016), que talvez tenha impedido o Kadjar, que tinha o trunfo de partilhar vários atributos com o irmão nipónico da Aliança, de ter uma carreira de sucesso em Portugal. Mas o seu desaire foi mais além e, agora, vê-se posto de parte para dar lugar a um novo conceito de mobilidade para o segmento C.

O Austral assenta na plataforma CFM-CD da Aliança Renault Nissan Mitsubishi, a mesma que deu vida à actual geração do Qashqai e que sobressai por garantir maior rigidez torsional, mas sobretudo por aceitar suspensão multibraços na traseira o que, para a Renault, representou a possibilidade de incluir quatro rodas direccionais, algo que ajuda nas curvas em velocidade (acima dos 50 km/h, as rodas de trás giram um grau no mesmo sentido), mas que também torna as manobras mais fáceis (a baixa velocidade, giram até 5º no sentido oposto). Resultado: na versão de duas rodas direccionais, o raio de viragem é de 11,2 metros; com as quatro, é de 10,1 m.

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O sistema de quatro rodas direccionais do Renault Austral reduz o ângulo de viragem de 11,2 para 10,1 metros DR

A nova plataforma também permitiu levar as rodas para as pontas do carro, aumentando assim a distância entre eixos com benefícios directos na habitabilidade de todos os passageiros, mas sobretudo dos que ocupam o banco traseiro. O carro mede 4,51 metros de comprimento, com uma distância de 2,72 metros entre os dois eixos. Mais: a segunda fila traseira assenta em calhas que deslizam longitudinalmente em 16 centímetros, sendo, dessa forma, possível privilegiar espaço para ocupantes ou para carga (a mala arruma um mínimo de 500 litros, mas esse quase palmo de diferença admite espaço para mais 75 litros; as versões full-hybrid perdem em torno de 70 litros).

Ainda no interior, destaque para um tablier onde sobressai o ecrã OpenR, que combina a apresentação dos dados do painel de instrumentos horizontal de 12’’, com os da navegação e sistema multimédia, integrando os serviços e aplicações da Google num ecrã táctil vertical também de 12’’, aos quais se junta um útil head-up display de 9,3”. Em termos tecnológicos importa ainda referir a possibilidade de incluir até 32 sistemas de ajuda à condução.

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Renault Austral DR

Já o exterior é marcado por linhas esculpidas no sentido de imprimir robustez ao automóvel, o que é conseguido numa frente trabalhada também na assinatura luminosa (os faróis são em LED de série, mas em opção podem adaptativos ou em matriz de LED com indicadores dinâmicos) e através de uma silhueta musculada e sublinhada por rodas grandes (até 20’’). Além disso, todos os códigos estéticos e práticos de um sport utility vehicle estão presentes: protecções laterais e inferiores e distância ao solo elevada (18 centímetros). Na traseira, o nome do automóvel surge em cromado; nas versões full-hybrid o nome é acrescentado com um E dourado, enquanto a versão Esprit Alpine acrescenta uma letra azul.

Nas mecânicas, o Austral peca no mercado nacional por não prever uma motorização híbrida de ligar à corrente, o que poderia garantir benefícios fiscais, mas a marca considera que a solução não é a mais eficiente, sublinhando que, graças à caixa multimodo, é possível no full-hybrid mais potente registar consumos de 4,6 l/100km e emissões de CO2 de 104 g/km. O destaque vai para este novo 1.2 Turbo de três cilindros que se associa a um motor eléctrico de 50 kW para gerar tracção e um segundo de 25 kW, que serve de motor de arranque e também apoia as regenerações, para debitar 160 ou 200cv.

Abaixo, há um mild-hybrid advanced que combina o novo motor a gasolina de três cilindros turbo de 1,2 litros usado no topo de gama, uma bateria de iões de lítio de 48 V e um alternador/motor de arranque. Por fim, na base da gama, está o conhecido mild-hybrid, desenvolvido em parceria com a Daimler: um gasolina 1.3 de quatro cilindros assistido por um motor de arranque/ alternador e uma bateria de iões de lítio de 12V, que se apresenta em dois níveis de potência: 140 (que pode ser acoplado a uma caixa manual ou de variação contínua) ou 160cv (com CVT).

Os preços começam nos 33.300€, sendo que o topo de gama com versão de equipamento Esprit Alpine é proposta a partir de 45.300€. As primeiras entregas estão previstas para o início do próximo ano.

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