Discurso comemorativo da República em Fafe (5 de Outubro de 2022)

Gritar “viva a República” nos tempos do chamado Estado Novo tinha um significado especial.

A República que hoje comemoramos era um tempo de varapaus, varapaus físicos e teóricos, com uma cultura política belicosa e bastante menos tolerante do que os seus defensores admitiam, particularmente para servir de contraste com a ditadura do Estado Novo. Quando os monárquicos ocuparam o Porto em 1918, o seu governo ficou conhecido como o Reino da Traulitânia, e durante os 16 anos da chamada I República, os republicanos batiam nos anarquistas e nos trabalhadores rurais, os anarquistas e os carbonários colocavam bombas, houve assassinatos políticos como os da “Noite Sangrenta” e de Sidónio, nas colónias havia as violências do costume exacerbadas pela guerra com os alemães em Angola e em Moçambique, havia milícias e organizações armadas de todos os lados do espectro político, pistoleiros da Confederação Patronal ao modelo de Barcelona, intolerância religiosa e os golpes de Estado militares que se sucediam, até ao golpe terminal de 1926.

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