Verstappen quer respeitar tradição nipónica de fabricar campeões

GP do Japão oferece ao piloto neerlandês fortíssima possibilidade de consumar a revalidação do título mundial de Fórmula 1, o que se verificaria pela 14.ª vez na história, no país do sol nascente.

Max Verstappen está a um triunfo e uma volta mais rápida de revalidar o título mundial
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Max Verstappen está a um triunfo e uma volta mais rápida de revalidar o título mundial Reuters/KIM KYUNG-HOON
O piloto da Red Bull garantiu a "pole position" no GP do Japão
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O piloto da Red Bull garantiu a "pole position" no GP do Japão EPA/FRANCK ROBICHON
Verstappen pode
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Verstappen pode aumentar para 14 o número de títulos mundiais decididos no Japão Reuters/KIM KYUNG-HOON

Max Verstappen, bem como toda a família Red Bull, sabe que chegou a hora da verdade, de sentenciar o Mundial de Fórmula 1, mesmo que exista margem suficientemente confortável para gerir sem demasiados riscos este GP do Japão, onde assegurou a sexta “pole” do ano e 18.ª da carreira.

Duas vezes campeão em Suzuka (1998 e 1999), Mika Häkkinen aconselha o neerlandês a manter o foco para evitar relaxamentos fatais, até porque há sempre um furo à espreita, um imprevisto que pode deitar todo o esforço por terra.

Mas, conhecendo-se Verstappen minimamente, o contributo do finlandês era um pouco desnecessário. Até porque a mentalidade do campeão de 2021 só admite um resultado. Daí a frustração pelo sétimo posto em Singapura, um mal menor dadas as circunstâncias da corrida, mas que Max não consegue nem quer digerir. “Não estou aqui para ser sétimo!” reagiu, “atropelando” os mais condescendentes.

Com 104 pontos de vantagem para o rival mais próximo e 138 pontos em disputa, as contas não são complicadas. Num fim-de-semana perfeito — desejo já manifestado pelo piloto neerlandês, depois da trapalhada de Singapura —, o título de campeão do Mundo está, agora, à distância de 26 pontos, o equivalente a uma vitória e à volta mais rápida... nada de transcendente, portanto.

Até porque nem sequer seria uma estreia, depois de idênticos registos nos grandes prémios da Emilia Romagna, Miami, Bélgica e Países Baixos, em que venceu e fez a volta mais rápida.

Claro que as contas podem precipitar-se, de acordo com as incidências da própria corrida, mesmo sabendo que Max Verstappen já cortou a meta em primeiro por onze vezes esta temporada (igualando o máximo de Lewis Hamilton), isto em 17 corridas, e que persegue o recorde de Michael Schumacher e Sebastian Vettel, com 13 triunfos numa só campanha.

Ainda assim, em termos puramente matemáticos, Verstappen precisa de terminar o GP do Japão com 112 pontos de vantagem sobre o segundo, seja ele o monegasco Charles Leclerc ou o mexicano e companheiro de equipa Sergio Pérez.

Com 104 pontos de vantagem para o rival da Ferrari, ao neerlandês basta obter mais oito pontos do que Leclerc e seis em relação a Pérez.

Assim, as contas tornam-se transparentes, bastando fazer um simples e rápido cálculo mental de acordo com a evolução das respectivas classificações durante a prova.

Mas qual a pressa de fechar o Mundial no Japão, quando o próprio Verstappen reconhece que se tal não acontecer em Suzuka as probabilidades de sentenciar o campeonato de pilotos serão ainda mais favoráveis e flagrantes no Circuito das Américas, nos Estados Unidos, dentro de duas semanas?

Na verdade, com os rivais há muito resignados (apenas Leclerc e Pérez ainda não viram desfeito, em absoluto e de forma irremediável, o sonho, mesmo que remoto, de chegarem ao título), a consagração em Suzuka, casa da Honda, encerra outros encantos.

Obviamente devido à posição do GP do Japão no calendário, as probabilidades de uma decisão coincidir com o GP do Japão aumentam, o que os 13 títulos de campeão de pilotos já entregues no país do sol nascente — 11 só em Suzuka — facilmente comprovam. A este facto acresce a saudável “loucura” dos japoneses, exacerbada pela ausência de corridas após dois anos de hiato por causa da pandemia.

O próprio Max Verstappen, seguido por uma legião de fãs neerlandeses e belgas especialmente devotos, sorri quando passa por alguém com um sistema de DRS aplicado num boné, exemplo das inúmeras e imaginativas manifestações de devoção pela F1, sem esquecer os mais improváveis pedidos de casamento.

Mesmo a Honda, que este ano abandonou a F1 (apesar de manter uma parceria com a Red Bull), vem associar-se aos festejos, num sinal de reaproximação à marca austríaca.

O próprio Max Verstappen não escondeu a emoção no “reencontro” com o monolugar Honda pilotado pelo pai, Jos Verstappen, há 20 anos, experiência carregada de memórias e “testemunhada” pelas câmaras que permitem comparar o pequeno Max dos tempos de chupeta na boca com o actual campeão da modalidade.

Assim, faça sol ou faça chuva, poucos se arriscarão a questionar a autoridade com que o neerlandês se apresta a justificar o título de 2021, assente numa polémica incontornável e na contestação justificada pelas conclusões da FIA, reconhecendo que na origem do título de Max esteve um “erro humano” dos responsáveis pela direcção da última corrida em Abu Dhabi.

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