A gata Harriet fugiu de casa na Califórnia — foi encontrada a 1600 quilómetros, nove anos depois

Susan Moore, a dona, não podia acreditar na notícia, e apesar de estar cheia de saudades da fiel companheira, decidiu que a gata ficaria melhor com outra família.

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Harriet e a nova dona Maureen Wright Maureen Wright

Susan Moore estava certa de que nunca mais iria ver a sua gata. Harriet desapareceu há nove anos do rancho onde vivia, perto de Clovis, no centro da Califórnia.

Moore ficou com o coração partido depois de a gata ter fugido. Procurou-a pelos 41 hectares do rancho, contactou o abrigo de animais mais próximo e registou-se, sem sucesso, no serviço de recuperação de animais de companhia perdidos, HomeAgain.com. O marido, Brian Ellison, disse-lhe que o mais provável era que um coiote a tivesse apanhado.

“Fiquei muito perturbada com o desaparecimento dela”, afirmou Moore, que cuidou de Harriet durante três anos depois de a ter adoptado num abrigo quando ela ainda era pequena. “Eu estava realmente ligada a esta gata.” Moore, de 57 anos, acabou por aceitar a triste perda.

No dia 19 de Setembro, o telefone tocou. Era um abrigo para animais a dizer que tinham a gata de Moore.

“A minha gata?”, perguntou Moore, ainda confusa.

“Temos a sua gata Harriet”, respondeu a pessoa que estava do outro lado da linha, acrescentando que o animal estava num abrigo em Hayden.

“Deve ter o número errado”, disse Moore. “E onde fica Hayden, na Califórnia?”

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Maureen Wright adoptou Harriet, que passou a chamar-se Ísis Maureen Wright

O funcionário do abrigo disse-lhe que tinha analisado o microchip de Harriet e encontrou o contacto de Moore. Explicou que Hayden fica em Idaho – a cerca de 17 horas de carro e a mais de 1600 quilómetros de distância do rancho de Moore. “Fiquei completamente chocada”, recorda a dona da gata.

Vicky Nelson, directora de desenvolvimento na Kootenai Humane Society, para onde Harriet foi trazida, ficou igualmente surpreendida. Segundo Nelson, a gata foi encontrada a vaguear pela pequena cidade de Hayden, até que um bom samaritano a encontrou e trouxe para o abrigo, que vai passar a chamar-se Companions Animal Center. “Quem me dera que ela pudesse falar porque gostaria de saber como é que foi até Idaho”, afirmou Moore.

O paradeiro de Harriet e os métodos de sobrevivência durante quase uma década continuam a ser um mistério, mas tanto Moore como Nelson têm algumas teorias. A explicação mais provável é que depois de a gata ter fugido, alguém a encontrou na Califórnia, manteve-a como animal de companhia e, mais tarde, mudou-se para Idaho, onde a gata voltou a fugir.

“Ou alguém estava a tomar bem conta dela, ou ela sabia exactamente onde ir para almoçar e jantar”, afirmou Nelson, acrescentando que Harriet é uma gata saudável. Quanto à sua teoria sobre as viagens do animal, é apenas uma ideia.

“É uma daquelas situações em que gostaríamos de ter uma pequena câmara dentro deles [animais] para ver por onde andaram, como sobreviveram e com quem estiveram”, comentou Nelson. Para a directora, Harriet é um caso de estudo sobre a importância do microchipping.

“Mesmo as pessoas que estão aqui há 30 anos, não acredito que alguém tenha visto um animal que fosse um símbolo do microchipping como Harriet foi”, afirmou.

Depois de recuperar do choque de saber que a sua doce Harriet estava viva, Moore perguntou ao irmão, Steve Swarts, que vive na cidade vizinha de Lewiston, em Idaho, se poderia ir buscar a gata ao abrigo e trazê-la no avião para a Califórnia. Mas também concluiu que tinha estado longe de Harriet durante algum tempo, e que a gata, agora com 13 anos, podia nem sequer se lembrar dela.

A imprensa local noticiou a história na sexta-feira e nesse mesmo dia, Maureen Wright, uma das voluntárias do abrigo, viu a gata à espera numa transportadora. Quis trazê-la imediatamente para casa.

Wright, de 75 anos, vive num cume de montanha em Hauser, em Idaho, onde acolhe maioritariamente gatos e cães mais velhos para lá ficarem o resto das suas vidas. Os animais de companhia mais velhos são dificilmente adoptados, por isso o abrigo fornece cuidados médicos e mantimentos, enquanto a mãe adoptiva dá amor e alojamento.

Depois de Moore ter concordado, Wright levou Harriet para casa no fim-de-semana, que se juntou a quatro cães idosos e quatro gatos que vivem num espaço aquecido no exterior. Há cerca de um mês, Yin Yang, a gata idosa de Wright que vivia no interior da casa, morreu, e a dona ansiava pela companhia de um gato que pudesse viver com ela.

Wright apaixonou-se rapidamente por Harriet, que recebeu o nome de Ísis em homenagem à deusa egípcia. A gata está a instalar-se na sua nova casa e dá-se muito bem com os cães adoptivos.

“Ela é linda, majestosa, é realmente um amor. Tem uma casa comigo para o resto da sua vida. Está fora do mercado”, afirmou a nova dona.

Moore disse que o ressurgimento de Harriet na sua vida trouxe de volta memórias do tempo em que a gata viveu no rancho e dividia o tempo entre o celeiro e a casa. A antiga dona também costumava trazer Harriet para o trabalho e os colegas ficaram tristes quando a gata desapareceu em 2014.

Quando Harriet foi encontrada, Moore pensou que seria melhor que a gata fosse viver com a sua mãe de 84 anos, Barbara Swarts, em vez de estar no celeiro com os seus nove cavalos e cinco bois. Moore está feliz pelo animal, que agora se chama Ísis, ter um novo lar, e de não ter que passar pelo stress de viajar. “Disse ao meu marido: ‘Ela definitivamente tem mais de nove vidas, de certeza’.”

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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