Dois homens foram de barco até ao Alasca para escapar aos militares russos

Os dois cidadão russos estão detidos a aguardar a decisão do Departamento de Segurança Interna dos EUA, que está a avaliar os pedidos de asilo no país.

Foto
Os fugitivos terão zarpado num pequeno barco do Nordeste da Rússia, percorrendo cerca de 480 quilómetros Meina Yin/Unsplash (arquivo)

Dois cidadãos russos fizeram a viagem de barco desde a Rússia até à ilha de St. Lawrence, no Alasca, alegadamente para fugir dos militares russos. Os homens chegaram a território norte-americano na terça-feira e pediram asilo, avançaram as autoridades locais. De acordo o Alaska’s News Source, que cita um dos responsáveis pela administração local, Curtis Slook, os dois homens foram enviados, de avião, para Gambell pouco depois de chegarem.

Segundo os moradores da ilha que falaram com os fugitivos, estes terão zarpado num pequeno barco da cidade de Egvekinot, no Nordeste da Rússia, percorrendo cerca de 300 milhas (480 quilómetros). Chegaram na terça-feira à ilha de St. Lawrence, uma região que está a uma distância de 56 quilómetros da península russa de Tchukotka, o que significa que está mais perto da Rússia do que do território continental do Alasca, explica a BBC. Os homens disseram ainda que estavam a fugir dos militares russos.​

“Estes dois indivíduos que vieram da Rússia num barco e foram detidos em Gambell, tanto quanto sei, estão agora em Anchorage a ser tratados pelas autoridades federais”, disse o governador do Alasca Mike Dunleavy numa conferência de imprensa, na quarta-feira. “Não prevemos um fluxo contínuo de indivíduos, não temos qualquer indicação de que isso vá acontecer, pelo que esta pode ser uma situação pontual”, acrescentou.

O senador republicano Dan Sullivan foi alertado, assim como a Guarda Costeira dos EUA e o secretário do Departamento de Segurança Interna (DHS), que estão agora a avaliar o processo de entrada dos dois homens nos EUA.

Ainda que tenha sido a primeira vez que chegaram ao Alasca pessoas vindas da Rússia desde que foi decretada a mobilização militar parcial, o senador Dan Sullivan alerta para a necessidade de “um plano pronto no caso de mais cidadãos russos fugirem para as comunidades pertencente ao estreito de Bering no Alasca”, cita a BBC. Para Sullivan, “este incidente deixa duas coisas claras: primeiro, o povo russo não quer combater na guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia e, segundo, dada a proximidade do Alasca à Rússia, o nosso Estado tem um papel vital a desempenhar para garantir a segurança nacional da América”, escreveu num comunicado esta quinta-feira.

Também a senadora Lisa Murkowski afirmou que a situação “sublinha a necessidade de uma postura de segurança mais forte no Árctico da América”, concordando em expandir as capacidades de defesa e as infra-estruturas para enfrentar possíveis ameaças russas.

Desde que o Presidente russo Vladimir Putin decretou a mobilização militar parcial, a 21 de Setembro, milhares de pessoas têm fugido do país por receio de serem obrigados a combater na Ucrânia. É difícil precisar o número, mas os dados das viagens de avião e dos países vizinhos da Rússia apontam para as centenas de milhares de pessoas, que incluem homens e os restantes membros das suas famílias. A última actualização do jornal independente russo Novaya Gazeta Europe fala em 216 mil homens, já o The Kyiv Independent mencionou esta quinta-feira que já saíram 700 mil pessoas da Rússia, o que o Kremlin negou.

Sugerir correcção
Comentar