Protesto de 10 mil pessoas em Budapeste visto como “novo vento” contra Orbán

Estudantes, professores e pais têm-se manifestado em solidariedade com os docentes em várias acções por toda a Hungria, num tipo de protestos visto como diferente dos que têm acontecido nos últimos anos.

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Manifestantes em Budapeste Tibor Illyes/EPA
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Tibor Illyes/EPA

Pelo menos dez mil pessoas manifestaram-se em Budapeste na quarta-feira em solidariedade com os professores, pedindo uma subida dos ordenados dos docentes, uma solução para a falta destes profissionais e ainda o seu direito à greve. Foi um dos maiores protestos dos últimos anos, e é visto como tendo uma natureza diferente, por ser mais transversal.

Vários professores foram despedidos na semana passada de uma escola secundária em Budapeste por terem feito greve – um direito que não têm, depois de o Governo o ter interdito na sequência de uma greve de professores em Janeiro deste ano.

Entre os cartazes dos manifestantes estavam alguns dizendo “não despeçam os nossos professores”.

“Conheço alguns professores óptimos que não recebem o suficiente pelo trabalho e amor que põem na sua profissão”, disse à Reuters Lujza Lukacs, de 14 anos, que começou o ensino secundário no mês passado, na manifestação de quarta-feira. O Governo prometeu que os salários dos professores serão aumentados quando a Comissão Europeia libertar verbas que estão retidas esperando a aprovação, pela Hungria, de alterações legais para assegurar o respeito ao Estado de direito.

A manifestação de Budapeste impressionou pela sua magnitude, mas o analista Daniel Hegedüs, do German Marshall Fund, diz que as manifestações, que aconteceram noutras cidades também nos últimos dias, são diferentes das que houve até agora na Hungria – a extensão geográfica “foi maior do que nunca”, e têm apoio político firme de todos os partidos da oposição (que se juntaram para desafiar Orbán nas últimas eleições, mas ainda assim perderam), tem também grande apoio dos sindicatos; a diversidade é vista nos próprios manifestantes.

Os sindicatos têm erguido barreiras em cidades além da capital de uma maneira que faz lembrar os Coletes Amarelos em França, diz Hegedüs. Os motivos dos protestos, para o analista, “não escondem as características mais profundas e claramente anti-regime dos acontecimentos dos últimos dias.”

Orbán foi reeleito a 3 de Abril para um quarto mandato, com uma maioria de dois terços de deputados no Parlamento.

O Parlamento Europeu aprovou, a 15 de Setembro, uma resolução dizendo que a Hungria já não é uma democracia plena.

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