Arquitectura
Um edifício de betão escondido em Pampilhosa da Serra, com olhos postos na barragem
O Posto de Observação e Comando de Santa Luzia, desenhado por Pedro Geraldes, enfrentou alguns constrangimentos devido à topografia do local, mas acabou por ficar discretamente inserido na paisagem.
É um edifício de betão escondido em Pampilhosa da Serra, com vista privilegiada para a barragem e para a albufeira da Barragem de Santa Luzia. Quem chegar lá perto, vê que é um Posto de Observação e Comando (POC) — edifício que serve para a observação e controlo de uma barragem em caso de emergência.
Desenhado por Pedro Geraldes, arquitecto na EDP — que também projectou o POC na barragem de Ribeiradio-Ermida, em Sever do Vouga, publicado no P3 em 2019 —, o POC de Santa Luzia enfrentou alguns constrangimentos, desde logo relacionados com a "topografia muito acidentada", mas também com a "reduzida área disponível com boa visibilidade para os órgãos de descarga de água". Por isso mesmo, a implantação do edifício acabou por ser feita "acima da via de acesso à barragem", e com ligação a ela por "longas escadas", lê-se na memória descritiva do projecto.
O resultado é um edifício de betão encaixado na paisagem, ou "semienterrado", acabando por ficar, assim, "a intervenção dissimulada no terreno". Lá dentro, os 35 metros quadrados de construção dividem-se em entrada, instalações sanitárias e sala de observação e controlo. O material escolhido, "mais do que parecer inacabado, envelhece absorvendo a atmosfera envolvente, alterando e contextualizando melhor o edifício ao longo do tempo". E assim prevalece, "sem chamar a atenção para si", respeitando a "sensibilidade da paisagem".