Aung San Suu Kyi condenada a mais três anos de prisão

Ex-Presidente birmanesa foi acusada de violar a lei do segredo de Estado e passará pelo menos 23 anos na prisão.

Foto
Aung San Suu Kyi foi deposta em Fevereiro de 2021 por um golpe militar DIEGO AZUBEL/EPA

Aung San Suu Kyi foi condenada a mais três anos de prisão, juntamente com um seu ex-assessor económico e outros membros do seu Governo, por violação da lei do segredo de Estado.

Com esta condenação, a antiga Presidente da Birmânia, que foi deposta por um golpe militar em 2021, passará pelo menos 23 anos na prisão, uma vez que já foi condenada em vários outros processos, relacionados sobretudo com acusações de fraude e corrupção.

Suu Kyi nega todos os crimes que lhe são imputados. Sobre ela ainda impendem sete acusações de corrupção que podem fazer aumentar a já longa pena de prisão.

Com a ex-líder do país foi também condenado Sean Turnell, um australiano que desempenhava funções de assessoria económica quando os militares depuseram o Governo. Turnell tinha chegado há cerca de um mês ao país e foi detido poucos dias depois do golpe, enquanto esperava transporte para o aeroporto. Está na prisão há quase dois anos.

As fontes ouvidas pela Reuters e pela Associated Press dizem que Turnell foi acusado de tentar fugir do país com documentos governamentais, mas não existem detalhes oficiais sobre o julgamento.

Este, à semelhança dos outros que envolveram Suu Kyi, esteve envolvido em grande secretismo: os jornalistas não puderam assistir a qualquer diligência e os advogados de defesa foram proibidos de divulgar informação para o exterior.

O Governo australiano vem pedindo a libertação de Sean Turnell há vários meses e reiterou isso mesmo já esta quinta-feira, afirmando em comunicado que não reconhece a condenação judicial.

Os processos legais contra Suu Kyi e os seus aliados são uma das faces da repressão lançada pela junta militar que governa a Birmânia desde Fevereiro de 2021, depois de o Exército ter tomado o poder com base em alegações de fraude eleitoral que nunca foram provadas. Neste período de ano e meio, mais de 15 mil pessoas foram detidas por motivos políticos e mais de 12 mil permanecem presas.

Em Julho, a junta ordenou a execução de quatro activistas pró-democracia – algo que já não acontecia desde 1988.

Além de Suu Kyi e Turnell, foram igualmente condenados dois ex-ministros do Planeamento e Finanças, Kyaw Win e Soe Win, e um ex-vice-ministro, Set Aung.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários