Carlos Moedas vai negociar com juntas de freguesia solução para o lixo urbano

Presidente da Câmara de Lisboa admite que, num mandato, “é difícil fazer uma reforma que seja estrutural e profunda” no que à recolha do lixo diz respeito. Por agora, quer insistir no reforço do pessoal e em ter as “freguesias mais motivadas”.

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O lixo tem sido um dos grandes desafios do primeiro ano de mandato de Carlos Moedas Rui Gaudêncio

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, vai negociar com as juntas de freguesia uma solução estrutural para a questão do lixo na cidade, reiterando que o problema da higiene urbana já não é novo.

O autarca falava esta terça-feira aos jornalistas após um almoço com os trabalhadores da higiene urbana na cantina do Pólo dos Olivais, em Lisboa, referindo que se tratará de uma “reforma estrutural” que não se faz “com prazos ou avisos”.

“É uma negociação que tem de ser feita e tem de se consultar todas as pessoas. É uma relação que quero manter, muito boa, com os presidentes de junta de freguesia, não os quero confrontar com nenhum tipo de solução sem os ouvir primeiro”, disse Carlos Moedas.

Actualmente, a recolha e o transporte do lixo urbano em Lisboa é da responsabilidade da câmara municipal, enquanto a limpeza dos espaços ao redor dos ecopontos é assumida pelas juntas de freguesia, no âmbito da descentralização de competências.

Assumindo que o problema de higiene urbana já não é novo, o presidente da autarquia afirmou estar “a atacar na parte de contratar mais pessoas”, cerca de 200, salientando que 80% já estão asseguradas, entre cantoneiros e motoristas de veículos.

“O que eu explico às pessoas é que num mandato é difícil fazer uma reforma que seja estrutural e profunda, de mudança de toda uma orgânica de um sistema”, explicou, referindo também que pagou “as dívidas que estavam em atraso às juntas [de freguesia] para que façam a parte complementar que têm de fazer”.

Para já, a solução intermédia é, de acordo com Carlos Moedas, ter mais pessoal e as “freguesias mais motivadas”, daí que as dívidas do ano passado tenham sido pagas e que metade do valor de 2022 já esteja, igualmente, a ser pago, enquanto a restante metade será liquidada até final do ano.

Carlos Moedas disse ainda que irá pedir “a colaboração máxima” entre a direcção municipal e os presentes da junta de freguesia, frisando que “está a correr bem”.

“Aquilo que posso fazer estou a fazer, aquilo que é mais estrutural, que não posso fazer sozinho e que não faria qualquer sentido, vou convocar os presidentes da junta para começar essa reflexão que é necessária. O facto de não estar a correr bem aos olhos das pessoas é porque não está de facto a correr bem”, admitiu.

Um ano depois de ter almoçado uma primeira vez com os trabalhadores da higiene urbana da autarquia, uma promessa eleitoral de campanha eleitoral, Carlos Moedas voltou a encontrar-se com estes funcionários.

Após o almoço, Carlos Moedas visitou as instalações, passando pelas diversas oficinas, ouvindo os trabalhadores e as suas preocupações.

Entre eles, estava José Marques, que começou “há mais de 20 anos como cantoneiro” e agora está nas oficinas e que disse aos jornalistas que a recolha do lixo devia ser feita 24 horas, “noite e dia”.

“Reduzimos os horários com a pandemia [de covid-19], mas devíamos voltar a fazer a recolha de noite e dia. O projecto actual já é bom, mas devia ser melhorado. Voltar ao que era antigamente, com as juntas a tomar conta do seu território”, apontou.

Num encontro em Julho com o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Carlos Moedas disse terem sido pagos 18 milhões de euros às juntas de freguesia, a quem cabe a limpeza das ruas e ao redor de eco-ilhas.

O autarca afirmou, então, que o problema de higiene urbana “vem de muito trás, não é um problema que esteja a ser criado hoje” ou que é deste presidente da Câmara.

Na altura, Vítor Reis, do STML, concordou que os problemas da higiene urbana em Lisboa não são de hoje e pioraram com a passagem de competências da câmara para as juntas de freguesia, em 2014.

Contudo, acrescentou, com o fim da pandemia e o regresso do turismo, o problema agudizou-se.

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