Costa impõe Pedro Nuno a Montenegro

Reviravolta: as conversas sobre o aeroporto passaram a ser a quatro.

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Costa não deixa que Montenegro rebaixe Pedro Nuno Rui Gaudencio

António Costa decidiu convidar o ministro Pedro Nuno Santos para uma reunião sobre o aeroporto nesta sexta-feira. Tanto o chefe do Governo como o líder do PSD tinham feito questão de enfatizar que as conversas sobre o tema pendente há 50 anos eram para ser “só a dois”, mas Costa mudou de estratégia e convidou o seu ministro das Infra-Estruturas para ir à reunião.

Luís Montenegro também não irá sozinho à reunião com António Costa — leva o seu vice-presidente Miguel Pinto Luz.

Foi uma mudança muito rápida: ainda na segunda-feira da semana passada, na entrevista à TVI/CNN Portugal, o primeiro-ministro atribuía ao seu ministro apenas o papel de “execução” daquilo que fosse acordado entre o chefe do Governo e o líder da oposição. No dia seguinte, Montenegro aproveitaria para rebaixar ainda mais Pedro Nuno Santos, quando disse que o seu único interlocutor era o primeiro-ministro e nunca o ministro, e isso era “ponto assente”.

Fontes contactadas pelo PÚBLICO admitem que pode ter sido este o ponto de viragem: por muito que a decisão de Pedro Nuno Santos de fazer sozinho o despacho sobre a localização do aeroporto tenha deixado Costa furioso e tido como consequência a desautorização do ministro pelo primeiro-ministro e a retractação pública de Pedro Nuno Santos —, deixar que um membro do seu Governo seja tratado como um incapaz pelo líder da oposição pode ter sido demasiado para o primeiro-ministro. Até porque, em última análise, quem está em causa é o próprio António Costa, que manteve o ministro em funções. Como é natural, o desprezo com que Montenegro tratou Pedro Nuno Santos não foi bem vista dentro do PS, onde Pedro Nuno tem as suas “tropas” estacionadas há muito tempo, com o objectivo de suceder a António Costa. E mesmo sendo Costa o secretário-geral todo-poderoso que é neste momento, este é um dado também impossível de ignorar.

Tudo começa com uma carta de Montenegro a pedir obras urgentes na Portela e a responsabilizar o Governo por “nada ter feito nos últimos sete anos”. O gabinete do primeiro-ministro anuncia na quarta-feira a reunião, já com a presença do ministro. Luís Montenegro também não vai sozinho: Miguel Pinto Luz participa também no encontro, agora a quatro.

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