Voo de Lavrov para Nova Iorque tem de evitar espaço aéreo de vários países

A rota do avião do chefe da diplomacia da Rússia não terá escalas e irá contornar o espaço aéreo encerrado por “países inamistosos”. Prevê-se que o voo se prolongue por 12,5 horas.

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Os aviões russos estão impedidos de sobrevoar o espaço aéreo da UE, bem como o de outros países não comunitários, como o Reino Unido, Noruega, Suíça, Canadá e EUA Reuters/POOL

O avião que transporta o chefe da diplomacia russa até Nova Iorque, onde participará na Assembleia Geral da ONU, terá de evitar o espaço aéreo dos países que o encerraram aos aviões russos devido à guerra na Ucrânia.

“A rota não tem escalas e voará a contornar o espaço aéreo encerrado por países inamistosos” estando previsto que o voo se prolongue por 12,5 horas, disse esta terça-feira Serguei Ryabkov, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo e ‘número dois’ de Serguei Lavrov, citado pela agência noticiosa da Rússia, TASS.

Os aviões russos estão impedidos de sobrevoar o espaço aéreo da União Europeia (UE), bem como o de outros países não comunitários, como o Reino Unido, Noruega ou Suíça, além do Canadá e dos próprios Estados Unidos. O percurso que o avião de Lavrov irá fazer não foi adiantado.

Para os Estados Unidos, porém, Lavrov e respectiva delegação receberam os vistos necessários para entrar no país, mas apenas para participar na reunião anual da Assembleia Geral das Nações Unidas, onde o chefe da diplomacia russa fará uma intervenção e terá cerca de duas dezenas de reuniões bilaterais, afirmou na semana passada a porta-voz do Ministério dos Negócios estrangeiros russo, Maria Zakharova.

Na ocasião, a “questão logística” relacionada com a ida de Lavrov aos Estados Unidos estava ainda por tratar.

Esta terça-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, indicou que Lavrov defenderá, na intervenção na Assembleia Geral da ONU, a posição de Moscovo para que se ponha “fim ao mundo unipolar”.

Depois de receber as cartas credenciais de embaixadores estrangeiros, em Moscovo, Putin prometeu manter a “política externa soberana” russa e acusou os Estados Unidos de quererem impor a “hegemonia” na Assembleia Geral da ONU. Embora tenha enviado Lavrov a Nova Iorque, Putin não planeia fazer nenhum discurso na Assembleia Geral deste ano, já que a intervenção russa na Ucrânia tem sido amplamente condenada por todo o mundo.

“O desenvolvimento da multipolaridade enfrenta a resistência daqueles que se esforçam por manter um papel hegemónico nos assuntos mundiais e controlar tudo: a América Latina, a Europa, a Ásia e a África. […] Mas isso não pode continuar para sempre. É impossível”, afirmou Putin. E continuou: “Nós, na Rússia, não vamos descartar o nosso percurso soberano. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, queremos promover uma agenda internacional unificadora [...] e contribuir para o regulamento de graves crises regionais”.

A semana de encontros de alto nível da Assembleia Geral das Nações Unidas começou esta terça-feira, na sede da ONU em Nova Iorque, e irá prolongar-se até à próxima segunda-feira, com a presença de dezenas de chefes de Estado e de Governo, entre eles o primeiro-ministro português, António Costa.

Esta é a primeira Assembleia Geral desde o início da guerra na Ucrânia e a primeira em formato presencial desde o início da pandemia. O evento decorre sob o tema “Um momento decisivo: soluções transformadoras para desafios interligados”, e terá como foco a guerra na Ucrânia e as crises globais a nível alimentar, climático e energético.

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