Chama-se Sabura e quer fazer chegar os sabores africanos à casa dos aveirenses

Micro-negócio nasce no âmbito do Labic Aveiro - Laboratório de Cidadania Intercultural e foi apresentado no sábado à comunidade.

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A cachupa será um dos pratos a servir Enric Vives-Rubio

O laboratório de cidadania iniciado em Fevereiro deste ano em Aveiro para contribuir para a integração da comunidade africana já começa a dar os seus frutos. Um dos seus projectos vai tomar a forma de um micro-negócio de gastronomia africana, em modalidade de comida para fora. O Sabura - em crioulo de Cabo Verde e Guiné-Bissau significa “delícia” ou “delicioso” - foi lançado oficialmente no sábado e promete deliciar os aveirenses com iguarias típicas dos países africanos. Os responsáveis pelo Labic Aveiro - Laboratório de Cidadania Intercultural estão orgulhosos e fazem votos de que este projecto experimental tenha pernas para andar.

“Era difícil encontrar um sítio para comer pratos africanos e as pessoas sentiam falta. Até os não africanos que conhecem os nossos países estavam sempre a falar da nossa comida”, introduz David Tembe, um dos responsáveis pelo Sabura. Enquanto falava com o PÚBLICO, este estudante moçambicano estava já a preparar uns rissóis de camarão à moda de Moçambique para servir no almoço deste sábado. “E depois ainda vou fazer um frango à zambeziana”, anunciava, ao mesmo tempo que se confessava ansioso. Ao leme do projecto estão ainda o cabo-verdiano Johnn Oliveira e a santomense Ângela Mendes, que contam com a colaboração de outros colegas e amigos.

A ideia é ter sabores de vários países africanos, com destaque para a cachupa de Cabo-Verde, que “é a mais conhecida e a preferida dos não africanos”, conta David Tembe, que não afasta a possibilidade de associar a gastronomia portuguesa à africana. “Porque o projecto visa a inclusão e a interculturalidade”, destaca, lembrando o propósito do próprio Labic Aveiro: contribuir para a integração social, cultural, académica e profissional da comunidade africana lusófona residente em Aveiro.

Financiado pelo Portugal Inovação Social, no âmbito das Parcerias para o Impacto, este novo laboratório de cidadania aveirense junta várias entidades - Associação Mon Na Mon, Universidade de Aveiro, Fundação Aga Khan Portugal, AIDA-Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro e Grupo Prifer - e já fez nascer um total de 10 projectos, entre os quais se inclui, então, o Sabura.

Iniciativas que têm deixado os coordenadores do laboratório orgulhosos. “Neste caso concreto do Sabura, temos jovens de diferentes países que se juntaram para unir diferentes culturas”, repara José Carlos Mota, um dos investigadores da Universidade de Aveiro envolvidos no Labic. “Isto tem a ver também com as histórias dos países deles. Por trás dos pratos, estão também episódios da história”, acrescenta.

Nesta fase inicial, o Sabura conta com o apoio do laboratório. “Para já, estamos a avaliar a possibilidade de transformar uma actividade lúdica numa actividade económica que permita a estes jovens terem um complemento de renda. O desenvolvimento vai depender da procura”, explica o investigador.

Depois da sessão de apresentação deste sábado, que teve lugar no Café Cantinho de Santiago, o Sabura está pronto para receber as primeiras encomendas (podem ser feitas online, através do Instagram). Todas as regras de segurança e higiene alimentar estão devidamente acauteladas, assegura José Carlos Mota.

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