Gorbatchov: Parlamento lamenta morte do ex-líder soviético, PCP contra

O voto, apresentado pelo presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, foi aprovado em sessão plenária por todas as bancadas à excepção das do PCP, que votou contra, e do BE, que se absteve.

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Gorbatchov morreu no passado dia 30 de Agosto aos 91 anos Daniel Rocha

A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira um voto de pesar pela morte do antigo líder da União Soviética Mikhail Gorbatchov, que morreu aos 91 anos, com o PCP a votar contra.

O voto, apresentado pelo presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, foi aprovado em sessão plenária por todas as bancadas à excepção das do PCP, que votou contra, e do BE, que se absteve.

“O seu papel foi essencial para o fim da Guerra Fria e para a transição democrática no Leste da Europa, após a queda da “Cortina de Ferro”. O seu contributo foi determinante para a abertura da Rússia ao diálogo e ao mundo e para o desanuviamento da tensão e lógica de confrontação que havia marcado a ordem internacional durante grande parte do pós-Segunda Guerra”, lê-se no voto.

O texto salienta que “foi também a sua acção que permitiu que fosse finalmente reconhecido às populações dos países do Pacto de Varsóvia e das nações da antiga União Soviética o direito de escolherem livremente o seu destino”.

“Líder político cuja visão permitiu as transformações históricas que estiveram na génese da consolidação de uma ordem mundial baseada em regras e fundada nos valores do multilateralismo e na resolução pacífica de diferendos, deixou um legado indelével para a paz na Europa nas duas últimas décadas do século XX”, é destacado no voto.

Lembrando que em 1990 Gorbatchov foi laureado com o Prémio Nobel da Paz “pela sua liderança e contributo para a resolução pacífica de controvérsias internacionais e pelo papel desempenhado na aproximação entre o Ocidente e o Leste”, o parlamento endereça “as mais sentidas condolências” à família e amigos do antigo líder.

Uma das figuras políticas mais influentes do século XX, Gorbatchov morreu no passado dia 30 de Agosto aos 91 anos, quando, segundo o seu gabinete, estava em tratamento no hospital.

O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, promoveu uma série de reformas que desencadearam o colapso do Estado soviético autoritário, a libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e o fim de décadas de confronto nuclear russo com os Estados Unidos e países ocidentais.

O legado de Gorbatchov é controverso na Rússia, sendo-lhe atribuído por sectores liberais o reforço das liberdades civis, nomeadamente a de expressão fortemente constrangida durante a ditadura comunista, mas ao mesmo tempo, por alguns líderes nacionalistas, decisões que levaram ao fim do império soviético.

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