Rui Costa: “Este plantel tem mais activos para o presente e futuro do Benfica”

Presidente do clube falou das contratações, dos empréstimos, das vendas e da perda de valor em algumas operações, sublinhando a prioridade que era o reforço do plantel.

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Rui Costa, presidente do SL Benfica LUSA/MIGUEL A. LOPES

Dias depois de terem sido divulgados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) os resultados negativos do exercício financeiro da Benfica SAD em 2021-22 (35 milhões de euros de prejuízo), o presidente do clube veio a público explicar a aposta desportiva na nova época. Durante, sensivelmente, uma hora, em directo na BTV, Rui Costa detalhou as entradas e saídas de um plantel que considera ter mais qualidade do que o da época passada.

Numa temporada de mudanças na política de empréstimos, com limitações nas cedências a nível doméstico e internacional, o dirigente aflorou a necessidade de arrumar a casa. “A primeira premissa era reduzir os activos que tínhamos no clube. Saíram definitivamente da folha salarial do Benfica 29 atletas. Era essa uma das premissas, mas o principal era dar qualidade ao plantel”.

E esta foi uma tecla na qual Rui Costa bateu sucessivamente ao longo do monólogo de quase 60 minutos. “Este plantel é mais homogéneo, é mais coeso e tem mais qualidade que o plantel do ano passado. A nossa consciência diz-nos que este plantel está mais forte, tem muito mais activos para o presente e para o futuro, quer desportivos, quer financeiros”.

Directamente envolvido em muitas das escolhas esteve Roger Schmidt, o treinador alemão que foi aposta pessoal do presidente do Benfica. “Pretendemos um jogo atractivo, ofensivo e eu e a estrutura conhecíamos muito bem este treinador. Inicialmente nem era o treinador apontado, porque não sabíamos se estaria livre do PSV. A partir do momento em que se começou a falar de uma possível saída do PSV, fizemos uma primeira abordagem e, para nosso espanto, houve interesse enorme do Roger Schmidt em treinar o Benfica”, revelou.

E se, quando o alemão chegou à Luz, havia já uma mão-cheia de contratações fechadas, nas restantes houve dedo do treinador. Como foi o caso de João Victor, que continua lesionado e ainda não se estreou: “Foi um dos primeiros pedidos feitos por Roger Schmidt, que queria um central rápido, com velocidade”.

De resto, o treinador estará totalmente alinhado com a política interna de reforçar a aposta na formação. O objectivo passa por ter um mínimo de cinco jogadores criados no Seixal no plantel principal, sendo que na presente temporada são, efectivamente, nove. “Nunca vamos ter mais de 21 aquisições no plantel principal – o restante será composto pela academia”, enfatiza.

Congratulando-se por conseguir “reduzir a massa salarial em 21%, cerca de 15 milhões de euros” — que se transformarão em 16/17% por causa das renovações em curso —, Rui Costa destacou que a prioridade na colocação dos jogadores no mercado, por empréstimo ou através de vendas com manutenção de parte do passe, foi o conforto dos atletas, no sentido de poderem voltar a render ao mais alto nível.

É com esse argumento que o dirigente explica a saída de Gabriel para o campeonato brasileiro, de Meité para Itália (onde já jogou) ou de Julian Weigl para a Alemanha. A propósito do médio alemão, uma explicação adicional: "Não chegou uma proposta para sair do clube que considerássemos oportuna. O próprio admitiu estar a perder espaço no plantel face à ideia de jogo e à dinâmica actual da equipa. O seu empréstimo a um país que é o seu e a possibilidade de poder lutar por uma vaga para o Mundial... Temos de ponderar até que ponto é benéfico manter o jogador fora da equipa valendo o que o jogador vale efectivamente”.

Quanto às vendas feitas neste defeso, que ascenderam a 128 milhões de euros, o presidente do Benfica deixou claro que “não é possível” fugir aos 10% de comissões de intermediação nos negócios e que uma percentagem dos passes de alguns dos jogadores que saíram estava ainda na mão de outros clubes.

Se, com Darwin Núnez, os 75 milhões da transferência eram irrecusáveis, nos casos de Everton e Yaremchuk o Benfica ficou a perder entre o valor de compra e o de venda. Rui Costa reconhece-o e explica a opção com a necessidade de fazer stop loss. “No caso de Everton e de Yaremchuk, não fizemos vendas pelo valor que pretendíamos na altura da contratação. Esperávamos que viesse a haver uma mais-valia substancial. Tal não aconteceu, mas numa reestruturação do plantel, dentro do plano desportivo, fazer stop loss nestes casos era o indicado. Não estou arrependido destas manobras”.

Aproveitando o contexto para confidenciar que Roman Yaremchuk (que regressou à Bélgica) chegou a perder seis quilos de peso nas duas primeiras semanas da guerra na Ucrânia, o presidente das “águias” explicou ainda a aposta em Petar Musa com “a necessidade de contratar um ponta-de-lança que não viesse já como uma estrela”, para não roubar espaço de afirmação a Gonçalo Ramos e Henrique Araújo. E disse acreditar que o croata vai dar muitas alegrias aos adeptos.

No total, foram 63,8 milhões investidos em reforços para 2022-23, com os dois últimos a chegarem no derradeiro dia do mercado de transferências. O central John Brooks como uma necessidade face às lesões de Morato, João Victor e Lucas Veríssimo, e o médio ofensivo Julian Draxler como uma oportunidade. “Foi tudo avaliado. Precisa de poucos dias para se meter em forma e ser o Draxler que todos conhecemos e que de certeza que será uma mais-valia para o clube”.

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