Pares amorosos, jazz no Outono e voltas com o barroco até ao Natal na Casa da Música

A rentrée da instituição portuense vai contar com mais de 80 concertos, ainda com o amor como tema dominante, à espera de dias mais pacíficos.

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Ilya Gringolts Alexandre Delmar
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Mário Barreiros DR
RG - 26/06/2014 - Rio de Janeiro (RJ) - EXCLUSIVO - O pianista Joao Donato faz 80 anos. Foto Fabio Seixo Ag O Globo
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João Donato Fabio Seixo/O Globo
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Erkki-Sven Tüür Maria Mãµistlik

A Casa da Música aposta no diálogo amoroso, no jazz no Outono, nas voltas e no lirismo do barroco e na continuidade das encomendas e do intercâmbio com instituições internacionais congéneres, à espera de chegar ao Natal “com um sorriso nos lábios e perspectivas de paz e de um ano melhor [em 2023]”. Foi deste modo que António Jorge Pacheco apresentou, esta sexta-feira, a programação do terceiro quadrimestre da instituição portuense, com uma agenda, “intensa, variada e de grande qualidade”, de 83 concertos, na expectativa de uma viragem definitiva da página da pandemia, da guerra e da incerteza que têm marcado os últimos tempos.

A programação deste mês de Setembro será, assim, dominada pelo ciclo Pares Amorosos, a atingir “o auge” do tema do amor, que vem marcando a programação deste ano. Trata-se de uma espécie de “metáfora musical”, um ciclo de quatro “concertos em que dois solistas dialogam entre si face a uma orquestra, que simbolicamente representa a sociedade em geral”, acrescentou o director artístico da Casa. E destacou, a propósito, o espectáculo de abertura (Sala Suggia, dia 13, às 19h30), em que o maestro francês Sylvain Cambreling se estreia na direcção do Remix Ensemble, na execução do Duplo concerto para piano, percussão e ensemble da sul-coreana Unsuk Chin, em que “as sonoridades exóticas do piano preparado (Jonathan Ayerst) e da percussão (Miquel Bernat) sugerem referências que cruzam as músicas ocidentais com as extra-europeias”, refere o programa.

No dia 17 (18h), o mesmo maestro dirigirá a Orquestra Sinfónica do Porto na execução, pelo GrauSchumacher Piano Duo, do Concerto para dois pianos e orquestra em Dó maior, de Bach.

Antes do retomar destes momentos fortes da programação anual dentro de casa, a Sinfónica do Porto regressa já este sábado (22h) aos Aliados, para o reencontro, na “sala de visitas da cidade”, do grande público com a música mais festiva de compositores como Rossini, Brahms ou Tchaikovsky (a antecipar este espectáculo, o sindicato Cena-STE anunciou mais “uma acção de sensibilização do público em defesa da Casa da Música e dos trabalhadores da cultura”).

Donato convida Zambujo

A agenda de Outubro vai ser marcada pela 9.ª edição do Outono em Jazz, que, entre os dias 9 e 28, se desenrolará em oito concertos (e 13 bandas), únicos na Sala Suggia e duplos na Sala 2. Logo a abrir (Sala Suggia, 21h), destaca-se a presença de António Zambujo como convidado do quarteto do veterano pianista brasileiro João Donato, um dos expoentes da bossa nova.

Segue-se outro veterano do jazz, neste caso em Portugal: o baterista Mário Barreiros, que no dia 11 (Sala Suggia, 21h) se desdobra em duas formações de quarteto – Pacífico e Abissal –, a apresentar o seu novo disco, sobre o Mar, entre uma versão “mais contemplativa” e outra “mais exploratória de águas densas e profundas”.

De outras raízes e estéticas, chegarão ao Porto formações da Polónia, com o virtuoso da guitarra Adam Palma (Sala 2, dia 13, 21h) e o octeto do saxofonista Marek Pospieszalski, este num concerto duplo com o histórico saxofonista catalão Liba Villavecchia (Sala 2, dia 16, 21h), e a banda Sexmob do trompetista americano Steven Bernstein (Sala 2, dia 23, 21h).

Ainda neste festival, António Jorge Pacheco destacou o reencontro da Orquestra de Jazz de Matosinhos com o Remix Ensemble (Sala Suggia, dia 23, 18h), que farão a estreia mundial de uma das oito encomendas da Casa a diferentes compositores: no caso, a obra Mare Lacrimarum, do estoniano Erkki-Sven Tüür.

Cinderela e Missa de Haydn

A mesma idade da Casa da Música tem já o festival À Volta do Barroco, cuja 17.ª edição decorrerá entre os dias 4 e 12 de Novembro, com cinco concertos. Alguns momentos altos neste programa: logo a abrir (Sala Suggia, 21h30), a Orquestra Sinfónica executa a transcrição que compositores como Elgar, Webern e Stokowsky ousaram fazer de obras de Bach, normalmente vistas como “o pináculo da perfeição na sua forma original”; o concerto duplo, do Remix e da Orquestra Barroca, em que o ensemble fará a estreia portuguesa de outra encomenda da Casa, Sleeping patterns, de Justé Janulyté, e a Barroca, de novo dirigida por Andreas Staer, acompanha o violinista russo Ilya Gringolts no regresso à Sala Suggia (Sala Suggia, dia 6, 18h), a interpretar Il labirinto armonico, de Locatelli; e a estreia mundial, pelo Remix, de Ensaio sobre o impulso, encomenda à jovem compositora portuguesa em residência este ano, Solange Azevedo (Sala Suggia, dia 8, 19h30).

Na Música para o Natal (11 a 20 de Dezembro), os acontecimentos serão muito provavelmente a peça que Sergei Prokofiev compôs para o conto de Charles Perrault Cinderela, com narração de Raquel Couto e a jovem maestrina búlgara Delyana Lazarova a estrear-se na direcção do Sinfónica (Sala Suggia, dia 16, 21h); e uma rara interpretação entre nós da Missa de Santa Cecília de Haydn, pela Sinfónica e Coro, dirigidos por Laurence Cummings (Sala Suggia, dias 20 e 21, às 21h).

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