Adolfo Mesquita Nunes diz que “obsessão ideológica” de Marta Temido fez a cova do SNS

O ex-dirigente do CDS apoiou a necessidade de novos formatos de gestão nesse sector do Estado.

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Adolfo Mesquita Nunes, ex-dirigente do CDS Daniel Rocha

O ex-dirigente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes considerou em Espinho que, com a sua “obsessão ideológica”, a ministra cessante Marta Temido conseguiu “cavar ainda mais” a sepultura do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Tendo integrado o XIX Governo Constitucional como secretário de Estado do Turismo, esse responsável deixou de ser militante do partido em Outubro de 2021, mas participou esta sexta-feira na Escola de Quadros, dirigida a elementos da Juventude Popular, que decorre até domingo em Espinho, do distrito de Aveiro.

Foi aí que, em resposta às questões de um elemento do público a propósito das dotações do Estado para a Saúde, Adolfo Mesquita Nunes abordou o tema, sem nunca mencionar o nome concreto da ministra que esta terça-feira apresentou a sua demissão.

“Os piores obreiros do SNS são aqueles que não querem reformá-lo. Mas ninguém fez tanto em Portugal [pela degradação da Saúde] como esta ministra, que, com a sua obsessão ideológica, tudo o que fez foi cavar ainda mais o SNS”, declarou.

À semelhança do deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, que, enquanto convidado para o mesmo painel, defendera pouco antes que o SNS precisa de uma reforma que não se tem concretizado devido às “teias de aranha que estorvam o sótão mental” dos seus gestores, também Adolfo Mesquita Nunes apoiou a necessidade de novos formatos de gestão nesse sector do Estado.

Um e outro admitem que a solução não passará necessariamente por um modelo misto ao estilo das parcerias público-privadas, mas implicará, por certo, uma aprendizagem mútua. “A questão não é se a gestão é pública ou privada - o que há a fazer é mitigar as condicionantes do sector público aproveitando, quando compatível, o melhor da gestão privada”, explicou Adolfo Mesquita Nunes.

Para o ex-governante, aquilo a que se assistiu no país foi “uma regressão, no sentido de se dizer, maniqueisticamente, que os privados não podem ter um papel relevante na Saúde, que só podem tê-lo quando o Estado não chegar lá - e o problema é que o Estado não chega lá”.

“Há muita gente da classe média-alta que vai para o Twitter dizer que está muito satisfeita com o SNS. Pois está, porque conhece não sei quantos médicos. Quem tem contactos pode ter boas experiências. Mas quem, como na Covilhã, está dois anos à espera de uma consulta de oftalmologia não vai dizer que lhe correu bem”, declarou.

Apelando a que a esquerda deixe de se limitar à “discussão da dicotomia público-privado” e a que a direita deixe de “comprar essa conversa em vez de debater soluções concretas”, Adolfo Mesquita Nunes concluiu: “O que a maior parte das pessoas quer saber é como chegam ao hospital e vêem a sua vida resolvida.”

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