Corporate nomads”: uma nova realidade que nos deve interessar

Lisboa assume-se como um destino de eleição para acolher esta nova tipologia de profissionais de trabalho remoto.

Muito se tem falado sobre as novas realidades que a pandemia veio trazer, com a ascensão e confirmação de que o trabalho remoto pode ser uma solução viável e de equilíbrio para as empresas, um pouco por todo o mundo, deslocalizando o trabalho que um profissional possa fazer, e contribuindo para um equilíbrio vida pessoal e vida profissional mais impactante.

Se o nomadismo digital é uma realidade muito discutida e falada nos últimos tempos, a verdade é que já se começa a falar de um novo perfil dentro da realidade do trabalho remoto: os chamados “corporate nomads”.

Este novo perfil de trabalhador destaca-se por, geralmente, pertencer a uma faixa etária mais elevada (entre os 30 e os 50 anos), ao contrário dos nómadas digitais. São profissionais executivos que viajam frequentemente e trabalham de forma remota, podendo mesmo ser relocalizados em novos países por decisão pessoal ou por estratégia da sua empresa, que pretenda expandir as suas operações para outros países.

Outra das principais diferenças entre os nómadas digitais e os "corporate nomads" passa pelo facto de que este novo perfil, fruto da sua idade mais avançada, já ter dado os primeiros passos para formar família, procurando desta forma um local estável e seguro onde possa viver com o seu núcleo familiar, estando menos disponível para mudanças de país mais frequentes. Além disso, a escolha de um novo destino é feita de uma forma muito mais pensada e estruturada, porque as condições de relocalização são naturalmente diferentes para quem procura um novo local para se fixar.

Por outro lado, o desenvolvimento de uma cultura que promova a existência de mais "corporate nomads" no seio das empresas poderá fazer a diferença no desenvolvimento de uma verdadeira política de atração e retenção de talento. Ao contribuir para uma expansão para outros países, abrindo as portas a outras culturas e a novos projetos desafiantes, estará a contribuir para a motivação e desenvolvimento dos seus próprios colaboradores.

Tendo em conta todas estas vertentes, é possível perceber que o destino da potencial relocalização de um colaborador deve ser escolhido tendo por princípios base a estabilidade e segurança, não só para que o colaborador se sinta bem na sua nova cidade, mas também que consiga garantir um ambiente confortável para que a sua família consiga sentir-se feliz e com perspetiva de futuro.

Como tal, Lisboa assume-se como um destino de eleição para acolher esta nova tipologia de profissionais de trabalho remoto. A segurança que se vive na cidade, os níveis baixos de poluição no ar, um excelente clima, um aeroporto internacional muito perto do centro da cidade, uma infraestrutura de Internet fiável e um regime fiscal favorável (as atividades de alto valor acrescentado beneficiam de uma taxa fixa de 20% de imposto sobre o rendimento) são algumas das razões que tornam a capital portuguesa como um dos bastiões do interesse estrangeiro como um local onde podem ter uma melhor qualidade da vida.

Desta forma, é importante estarmos atentos a um perfil que, apesar de não ser tão falado, terá uma palavra a dizer nos próximos 5 a 10 anos e poderá ser um contributo importante para o desenvolvimento da economia do nosso País. É, por isso, fundamental criar ferramentas e regulamentações que aumentem o interesse dos "corporate nomads", procurando desenvolver um caminho para a desburocratização dos processos de relocation e garantindo as bases seguras e fiáveis para dar as condições necessárias à fixação de investimento estrangeiro em Portugal. É apenas desta forma que poderemos ser conhecidos e reconhecidos como um destino de eleição, não só na teoria, mas especialmente na prática.

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