Por uma escola democrática

Reivindica-se que os estudantes estejam representados nos conselhos pedagógicos das escolas. Quando se suplica intervenção e iniciativa cívica aos jovens deste país, não se compreende que essa intervenção lhes seja vedada nos tempos de escola.

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Nuno Ferreira Santos

Uma escola, uma miragem. São várias as frases que por aí se declamam sobre o papel da educação como força motriz de um futuro de progresso, de um futuro democrático. São vários os declamados propósitos que, nunca concretizados, nos fazem concluir que, na verdade, não há nenhum propósito de tornar a escola num lugar democrático. Por tudo isto, as associações de Estudantes das escolas secundárias de Tomar decidiram unir-se para apresentar o Manifesto do Estudante e para iniciar uma luta de alunos pela democraticidade das escolas portuguesas.

O Manifesto do Estudante: por uma escola mais democrática é um documento reivindicativo que quer dar voz os estudantes de todo o país. Reflecte os problemas reais das escolas e serve de espelho para as ambições de futuro das novas gerações, apresentando soluções para esses problemas. As quatro reivindicações escolhidas como prioritárias são: garantir que a voz dos alunos é ouvida na gestão das instituições de ensino, assegurar um apoio à saúde mental dos jovens, reforçar o pessoal não docente das escolas e melhorar as condições técnicas de cada uma das escolas.

Em relação à voz dos alunos, reivindica-se que os estudantes estejam representados nos conselhos pedagógicos das escolas. Quando se suplica intervenção e iniciativa cívica aos jovens deste país, não se compreende que essa intervenção lhes seja vedada nos tempos de escola. Para além disso, uma instituição de ensino que não ouve os seus alunos é uma escola desligada da realidade, desligada do futuro. Parece então sensato que se dê aos jovens a possibilidade de serem ouvidos aquando da tomada das decisões de que são alvo.

No que diz respeito à saúde mental, reivindica-se que se dê atenção àquele que será o maior problema de saúde pública do século e que, se nada for feito, condenará uma geração ao infortúnio de não ser o que podia ter sido, derivado de não ter sido feito o que podia ter sido feito. Numa situação que já era urgente antes de se sequer ser falada, pede-se apenas que não se condene uma geração, que não se condene um futuro perante a situação que vivemos e que, apesar de catastrófico, continue sob o ensurdecedor silêncio a que o tabu a induz.

Perante a falta de pessoal não docente nas escolas e a carência de condições técnicas, urge uma intervenção naquilo que é a contratação de um maior número de funcionários, bem como a devida valorização dos mesmos, sem esquecer a necessidade de melhoria das refeições escolares e das instalações mais que degradadas de muitas escolas.

Em jeito de conclusão, são precisas mais do que palavras. A realidade tornou-nos impacientes perante a mentira que muitos versam e que só serve para dilatar pupilas, nada mais (às vezes, nem isso). Vivemos a inércia que nos conduz ao abismo de um futuro que parece cada vez menos democrático. Vivemos o ciclo vicioso da derrota. É urgente responder, é urgente mudar, é urgente tornar a escola num lugar democrático e de bem-estar, mais do que papaguear que a escola devia ser mais democrática. Por isso, as associações de estudantes de Tomar apresentaram o Manifesto do Estudante. Tudo isto em prol de uma escola feita pelos alunos, para os alunos, por uma escola democrática.

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