Morreu Afonso Macedo, DJ, promotor e agitador das músicas de dança

Destacou-se ao longo de mais de duas décadas, como DJ, promotor de eventos, radialista e activista das músicas electrónicas. Tinha 52 anos.

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José Cruzio

Respirava música por todos os poros. Destacou-se ao longo de mais de duas décadas, como DJ, promotor de eventos, radialista, distribuidor e gerente de lojas de discos, activista nuclear das músicas electrónicas, das mais exploratórias às dançantes, com destaque para o tecno e house, tendo marcado sucessivas gerações com o seu conhecimento e arte.

Afonso Macedo morreu na madrugada deste sábado, de ataque cardíaco fulminante. Tinha 52 anos. Era uma figura de referência no panorama português das músicas electrónicas, em especial na zona de Coimbra, onde viveu sempre. Nas suas sessões DJ demonstrava um saber, sensibilidade e sentido de direcção, só ao alcance dos que têm uma visão ampla e profundamente conhecedora das lógicas e histórias da pista de dança.

O seu amor pela música conduziu-o para a rádio no final dos anos 80 onde teve vários programas na Rádio Nova ou na Rádio Jornal do Centro, tendo continuado até aos dias de hoje na Rádio Universidade de Coimbra (RUC). Em simultâneo destacou-se como DJ, um dos mais conhecedores e legitimados em Portugal, quando se pensa em linguagens como o electro, house ou tecno, conseguindo que a pista de dança respirasse sempre saber, prazer e uma tensão que nunca cedia à explosão fácil.

Nessa qualidade, esteve em todos os espaços mais influentes da música de dança em Portugal, seja em clubes (do Rocks em Gaia dos anos 90 ao Lux-Frágil dos anos 2000) ou festivais (Forte, Boom, Neopop, Jardins Efémeros, Les Siestes Électroniques), tendo acompanhado as inúmeras transformações da música de dança em Portugal desde a alvorada dos anos 90. Era um hedonista exigente. O seu nome terá surgido pela primeira vez num cartaz em Coimbra na década de 90 nas noites do espaço A Noite Tem Mil Olhos, logo a seguir às primeiras raves para massas em Portugal (Convento de São Francisco em Coimbra ou no Castelo de Montemor-o-Velho), que davam aí os primeiros passos.

Ao longo dos anos apareceu regularmente como DJ e promotor associado a colectivos como a Journeys, a Cosa Nostra, ou a Put Some, participando e convocando centenas de convidados, portugueses e estrangeiros, para os eventos onde era promotor e organizador, com residências no clube Via Club ou festivais no Teatro Académico Gil Vicente ou sessões regulares no espaço Quebra Costas, entre muitas outras actividades. Animal Collective, Matt Elliot, Pantha Du Prince, Murcof, Nathan Fake, Matthew Dear, Joakim ou DJ/Rupture, foram alguns dos muitos nomes que actuaram em Coimbra devido à sua acção, na maior parte dos casos quando eram ainda pouco ou nada conhecidos do grande público.

Ao longo dos últimos anos, para além da sua actividade solitária como DJ, mantinha a dupla The Lions, na companhia de David Rodrigues. A uni-los, aquela que era a sua grande paixão, para além da música: o Sporting.

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