O que fazer para poupar gás em casa

É no aquecimento da água e na cozinha que os portugueses gastam mais gás. Mas há formas de reduzir o seu consumo.

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Há vários formas de diminuir o consumo de gás na cozinha Adriano Miranda

O aumento das facturas do gás natural a partir de Outubro, anunciado nesta quarta-feira pela EDP Comercial, poderá obrigar os consumidores a alterarem os hábitos caseiros para evitar derrapagens no orçamento. Um relatório do Instituto Nacional de Estatística de 2021 sobre o consumo de energia no sector doméstico em 2020 revelava que 27,2% da energia usada pelos portugueses provinha do gás natural. Desta, 65,6% era usado para o aquecimento de água, 28,8% para a cozinha e apenas 5,6% para aquecer o ambiente. Apresentamos aqui algumas medidas que poderão ajudar a diminuir o consumo de qualquer tipo de gás naquelas três áreas de uso.

A nível do aquecimento da água é possível diminuir o consumo de gás regulando a temperatura da água do esquentador e reduzindo o gasto de água. Em relação ao esquentador, “a ideia é não necessitar de ligar a água fria ou, se necessário, ligar o menor caudal possível”, explica Carlos Contente, engenheiro e administrador da Lisboa E-Nova – Agência de Energia e Ambiente em Lisboa. Para isso, o especialista recomenda colocar a temperatura da água entre os 39 e os 41 graus Celsius no Inverno e 38 graus no Verão. Para os esquentadores com visor, definir aqueles valores é fácil. Nos que não têm visor, é preciso rodar o manípulo para uma posição mais fechada e “ir experimentando diferentes posições”.

Em relação ao uso de água, é no banho onde se poderá poupar mais. As recomendações mais importantes passam por substituir os banhos mais longos por duches rápidos e fechar a água no momento de se passar o champô e o sabão. “A ideia é molhar, fechar a água, ensaboar e passar a água”, resume Susana Fonseca, vice-presidente da associação ambientalista Zero, avaliando que o tempo necessário será de cinco minutos. A especialista defende também que no Inverno não é necessário um duche diário, nem a nível de saúde, nem de higiene. Esse “é um luxo do ponto de vista de energia e água”, diz. “Podemos só lavar partes do corpo.”

Ao fogão, na cozinha, há diversos ajustes que podem ajudar a diminuir o uso do gás. O mais óbvio é tapar as panelas com a tampa para acelerar a fervura. Mas há outros: preparar refeições maiores, para mais dias, evitando cozinhar repetidamente; cortar os alimentos em pedaços mais pequenos, permitindo que eles cozinhem mais depressa; assim que a água começar a ferver, baixar o lume; usar a panela de pressão para alimentos de cozedura mais difícil; ajustar a quantidade de água à quantidade de alimento que se está a cozer; desligar o fogo uns minutos antes de a refeição estar pronta e deixar o calor da panela fazer o resto do trabalho.

Em relação à chama dos bicos do fogão, é importante ter atenção à sua cor. “A cor de chama azul indica uma boa combustão, mais eficiente. Se está alaranjada, significa que a combustão não se está a processar nas melhores condições”, diz Carlos Contente. Ou seja, pode haver sujidades ou um desgaste do bico do fogão, causando um “défice de caudal de gás”, adianta. Nesse caso, será conveniente chamar um técnico para ver o que se passa.

Ainda na cozinha, o uso do forno a gás também pode ser optimizado: aproveitando vários pratos para cozinhar ao mesmo tempo; evitando abrir e fechar o forno várias vezes; desligando o forno minutos antes de o prato ficar pronto, para aproveitar o seu calor.

Para quem tem e usa o aquecimento central a gás, é possível diminuir o seu gasto usando roupas apropriadas à estação e sabendo gerir o calor da casa nos meses frios. Por um lado, a calafetação das portas e das janelas é essencial. Por outro, é importante arejar os espaços nas horas de maior calor. Enquanto houver sol no Inverno, deve-se abrir persianas, portadas e cortinas para deixar a luz entrar e promover “o efeito de estufa” natural, refere Susana Fonseca.

Quando se liga o aquecimento, é importante ser-se criterioso no seu uso e ter “temperaturas que fazem mais sentido em relação à época do ano em que se está”, diz Susana Fonseca. A temperatura deverá rondar entre os 18 e os 20 graus Celsius. Divisões que não são usadas deverão ter o aquecimento desligado. Na altura de dormir, a temperatura do quarto poderá ser mais baixa, já que assim permite um sono de maior qualidade.

Para Susana Fonseca, a redução do uso da energia será fundamental do ponto de vista colectivo para se fazer a transição energética. “Quanto menos precisarmos de energia, mais facilmente conseguiremos contar com as energias renováveis para termos uma maior resiliência às crises”, resume a ambientalista.

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