Opositor derrotado nas presidenciais no Quénia contesta resultado em tribunal

O candidato garante que 140.000 votos não foram contabilizados, o que poderia ter impedido a atribuição da vitória do seu adversário, o vice-presidente queniano, William Ruto.

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Odinga, líder da oposição do Quénia, entre apoiantes à entrada para o tribunal para contestar resultado das eleições THOMAS MUKOYA/Reuters

Raila Odinga , que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais do Quénia, entrou com uma acção em tribunal a contestar o resultado, revelaram seus advogados esta segunda-feira. O ex-primeiro-ministro e líder da oposição já havia rejeitado “sem reservas” os resultados das eleições presidenciais de 9 de Agosto.

De acordo com os resultados divulgados pela Comissão Eleitoral, o vice-presidente, William Ruto, venceu com 50,49% dos votos. Odinga teria obtido 48,5%. Acusando o chefe da Comissão Eleitoral de “flagrante desrespeito à Constituição”, o candidato anunciado como derrotado afirmou de imediato que “não há vencedor legalmente eleito nem presidente eleito”.

Um dos argumentos apresentados pela coligação Azimio, de Odinga, é que haverá cerca de 140.000 votos não incluídos na contagem final, de acordo com um excerto dos documentos legais citados pela BBC. Segundo o candidato, esse número poderia ter sido suficiente para evitar que Ruto chegasse a 50% dos votos, a maioria, levando a uma segunda volta.

Apoiantes de Odinga reuniram-se e aplaudiram chegada do candidato à presidência ao tribunal nos subúrbios da capital, Nairobi, para apresentar formalmente o caso. Em protesto, seguraram cartazes com frases como “proteja nosso voto” ou “justiça eleitoral já!”

Esta é a terceira vez consecutiva que Odinga recorre ao tribunal para contestar os resultados de eleições presidenciais. Em 2017, a contestação teve sucesso, com o Supremo Tribunal a ordenar uma repetição das eleições, anulando a vitória inicial de Uhuru Kenyatta (Odinga acabou por não se apresentar às novas eleições).

Desta vez, a Comissão Eleitoral quis tornar o processo de contagem o mais transparente possível, publicando os resultados das assembleias de voto logo que estivessem disponíveis. Um grupo independente de monitorização queniano considerou que o resultado final está de acordo com suas próprias projecções.

Na semana passada, Ruto disse que respeitaria o processo judicial, que faz parte da lei eleitoral do país. "Sou um democrata. Acredito no estado de direito. Respeito nossas instituições”, afirmou a um grupo de jornalistas citado pela BBC.

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