Greve na CP ainda com pouco impacto, sindicato espera maior adesão à tarde

Até agora apenas se registou a supressão de um comboio na linha do Sado, informou empresa.

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Sindicato assume que a adesão está abaixo do esperado Miguel Manso

A adesão à greve dos trabalhadores do sector ferroviário está ser pouco significativa, tendo havido até ao momento apenas a supressão de um comboio na linha do Sado, informou a CP-Comboios de Portugal.

Os trabalhadores do sector ferroviário estão a cumprir nesta segunda-feira um dia de greve que se esperava viesse a causar “perturbações nos serviços” da CP, que chegou a apontar para a possibilidade de atrasos e supressões de comboios.

No entanto, a porta-voz da CP, Ana Portela, disse à Lusa que os comboios estavam a circular com normalidade e sem atrasos, tendo-se verificado, até às 9h30, apenas uma supressão na linha do Sado (uma linha da rede de comboios suburbanos da Grande Lisboa, com circulações entre Barreiro e Praias do Sado).

Abílio Carvalho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Secor Ferroviário (SNTSF), que convocou a greve, confirmou que a adesão não está a ser significativa até ao momento, embora admita que da parte da tarde a “adesão seja maior com possibilidade de encerramento de bilheteiras”.

“Não há o impacto que gostaríamos”, afirmou, explicando que uma das razões poderá ser o facto de esta segunda-feira ser feriado e, por conseguinte, um dia em que os trabalhadores ganham mais, podendo estes ter optado por fazer a greve num dia de descanso semanal.

“É que nós não vemos esta greve como uma greve de 24 horas, decorre o mês todo, e há trabalhadores que optam por fazer greve apenas no dia de descanso e não fazem mais durante o resto do mês”, acrescentou, sublinhando, contudo, que apesar de ainda não ter dados da adesão, sabe que “há muitos trabalhadores em greve e que estão a ser substituídos, o que é ilegal”.

O SNTSF convocou para este mês um pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário, ao trabalho em dia de descanso semanal e ao trabalho em feriado, apontando que os trabalhadores a devem utilizar para “manifestarem o seu descontentamento e a sua exigência pela valorização dos seus salários”.

Fonte do SNTSF disse à Lusa que as razões para esta greve são o aumento salarial de 0,9%, que o sindicato considera insuficiente face à inflação registada nos últimos meses, e a falta de trabalhadores na empresa, que se sente o ano todo.

O dirigente sindical lamenta que cada vez mais trabalhadores saiam para outras empresas ou até para outras profissões onde ganham melhor, sem que essas saídas sejam colmatadas com novas entradas.

Segundo Abílio Carvalho, há “quase que uma imposição” por parte da CP em que “os trabalhadores têm de recorrer quase obrigatoriamente ao trabalho extraordinário”.

O sindicalista adiantou que no início de Setembro poderão ser decididas novas formas de luta. Para o primeiro dia desse mês está agendada uma reunião do SNTSF, juntamente com outros sindicatos do sector na Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), com o objectivo de se discutir o conflito laboral na CP.

Abílio Carvalho lamenta que na mesma altura em que foi pedida esta reunião, há cerca de dois meses, tenha sido também solicitada uma reunião “ao ministro da tutela, que não respondeu”.

No comunicado divulgado na sexta-feira, a CP esclarece que “aos clientes que já tenham adquirido bilhete para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Inter-regional e Regional, será permitido o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua revalidação gratuita, para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe”.

A transportadora acrescenta que poderá ser obtida informação sobre o estado da circulação de comboios através do seu portal ou através da linha de atendimento 808 109 110.

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