É urgente?

Larguemos a ideia de ligar 112 e ativar ambulâncias de emergência médica quando não são necessárias, apenas para não pagar o transporte e/ou a taxa moderadora.

Toda a situação em que a demora de diagnóstico, ou de tratamento, pode trazer grave risco ou prejuízo para a vítima é uma Urgência Médica, como, por exemplo, os casos de traumatismos graves, intoxicações agudas, queimaduras, patologias cardíacas ou respiratórias.

Algumas situações, bastante menos, são consideradas Emergências Médicas, como, por exemplo, a obstrução da via aérea, a paragem cardiorrespiratória ou até mesmo uma hemorragia exsanguinante. De extrema gravidade, todas implicam o uso de telecomunicações para solicitar ajuda, nomeadamente os meios de suporte avançado de vida ativados pelo Centro de Orientação de Doentes do INEM, adequados à gravidade da situação clínica.

Não confundamos, portanto, Urgências com Emergências Médicas; aliás, basta-nos estar algum tempo à porta de um serviço de urgência para verificar quantas pessoas saem a deambular das ambulâncias, pois, na verdade, precisavam apenas de um transporte para o serviço de urgência e não de um transporte especializado de ambulância.

Segundo a monitorização mensal dos hospitais disponível no Portal do SNS, em seis meses, as instituições do SNS atenderam 1.966.755 desses episódios de urgência, cerca de 45% dos quais eram doentes não urgentes.

Os doentes e familiares têm direitos, mas também têm deveres, tais como:

  • o dever de zelar pelo seu estado de saúde. Isto significa que devem procurar garantir o mais completo restabelecimento e também participar na promoção da própria saúde e da comunidade em que vivem;
  • o dever de respeitar os direitos dos outros doentes;
  • o dever de colaborar com os profissionais de saúde, respeitando as indicações que lhes são recomendadas;
  • o dever de respeitar as regras de funcionamento dos serviços de saúde, cumprindo;
  • o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada e de colaborar ativamente na redução de gastos desnecessários.

Larguemos a ideia de ligar 112 e ativar ambulâncias de emergência médica quando não são necessárias, apenas para não pagar o transporte e/ou a taxa moderadora.

Não entupamos os serviços de urgência com as falsas urgências, tornando-os menos eficazes para quem efetivamente precisa.

Promovamos a nossa saúde e cumpramos as orientações da Direção Geral da Saúde.

Respeitemo-nos uns aos outros, em particular aos doentes e aos profissionais de saúde.

Utilizemos de forma adequada os recursos existentes para que sejam sempre suficientes, e para que todos os dias continuem a salvar vidas.

Não é urgente, é emergente!

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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