Com os Steam Down o jazz sente-se no corpo

Formação de absoluta referência para a cena do novo jazz londrino, os Steam Down são tanto um lugar de criação de comunidade como uma banda que faz do jazz uma celebração do agora. Na próxima quinta-feira, actuam no FMM, em Sines.

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Quando Wayne Francis chegou a Lagos, oficiosa capital cultural nigeriana, em 2015, o gerente do hotel onde ficaria hospedado como participante num projecto educativo encaminhou a troca de palavras de boas-vindas até à revelação de ser amigo dos tempos de escola de Femi Kuti (filho mais velho de Fela Kuti e seu discípulo enquanto criador ligado ao afrobeat). Percebendo o entusiasmo de Francis com a música da família Kuti, o gerente informou-o que seguiria para o New Afrika Shrine (sucessor do mítico Afrika Shrine) nessa noite. Se o Afrika Shrine original fora a sala-templo-acontecimento fundada por Fela em 1970, integrada na autoproclamada República de Kalakuta, comuna com estúdio de gravação e unidade de saúde erguida em protesto contra um governo antidemocrático, o New Afrika Shrine recupera, ainda hoje, sobretudo a música enquanto celebração colectiva. Desta troca de palavras até Wayne se ver no Shrine, entalado entre o momento presente e o passado lendário de Fela, passaram-se escassos minutos. E enquanto estava ali a sorver tudo quanto aquele templo ao afrobeat lhe oferecia, foi pensando neste modelo de sala que é tanto palco para os músicos apresentarem e partilharem a sua música, como lugar de criação de comunidade, em torno da apresentação regular do mesmo grupo de músicos num mesmo lugar.

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