O abismo da família Bellocchio

Marco Bellocchio reúne os seus irmãos e irmãs para, em grupo, se forçarem a olhar para o abismo que existe no meio da família: o suicídio de Camillo, o irmão gémeo de Marco, com 29 anos, em 1968. O título do filme devolve as últimas palavras que ouviu ao seu irmão. Marx Pode Esperar é o filme mais confessional de um cineasta que sempre deixou a sua obra de ficção ensopar-se em reflexos de confissão autobiográfica. E, como diz o realizador em conversa com o Ípsilon, o filme que lhe trouxe “respostas mais ricas” do que as que encontrou através da ficção.

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Marx Pode Esperar leva a expressão “filme de família” a um sentido radical. Começa por nos apresentar uma pequena multidão de Bellocchios, septuagenários e octogenários, reunidos para um almoço em família. São os muitos irmãos e irmãs de Marco Bellocchio (nascido em 1939), hoje na posição de decano do cinema italiano, e certamente, depois da morte de Bernardo Bertolucci (os dois “filhos de Pasolini”, mesmo que Bernardo se tenha afastado desse epíteto de uma forma que Marco nunca seguiu), o principal vulto vivo e activo da geração de 60 do cinema italiano.

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