Félix da Costa brilha no Mundial de resistência

Piloto português, que conseguiu uma tremenda recuperação em Monza, consolidou a liderança da prova. O objectivo de chegar ao título está a duas corridas de distância.

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António Félix da Costa aos comandos de um Oreca 07 DR

Num campeonato em que os portugueses têm vindo a cimentar posição, António Félix da Costa (JOTA) consolidou, neste fim-de-semana, nas 6 Horas de Monza, a liderança do Mundial de resistência, quando faltam duas das seis provas do calendário. Na categoria LMP2 (Le Mans Protótipos 2), o piloto lisboeta partiu do 38.º e último lugar da grelha para cortar a meta como segundo classificado, reforçando a liderança da prova.

Foi (mais) um atestado de competência de um piloto que tem atravessado diferentes latitudes do globo automobilístico. Começou nos karts aos nove anos, rodou nas pistas nacionais, mas foi na Fórmula Renault 2.0 que começou a captar atenções, ganhando ainda mais visibilidade na Fórmula 3 e no GP3. De tal forma que, em 2010, foi chamado a testar um Fórmula 1, no caso da Force India, repetindo a dose na Red Bull, numa altura em que integrava o projecto da Junior Team da escuderia austríaca.

O sonho da chegada à Fórmula 1 acabaria por não se concretizar, mas Félix da Costa foi adicionando camadas ao currículo. Passou pelo DTM e, mais tarde, integrou a primeira leva de pilotos da Fórmula E, campeonato para monolugares eléctricos que viria a conquistar em 2019-20, com as cores da DS Techeetah. E a verdade é que se tem mantido em competição desde então — no próximo fim-de-semana corre em Brooklyn, nos EUA, na antepenúltima corrida da presente edição.

Dividido entre a Fórmula E e o Campeonato do Mundo de resistência, da FIA (Federação Internacional do Automóvel), o português, de 30 anos, tem nesta competição uma oportunidade de ouro para conseguir o segundo título para o país. Nesta altura, o carro que partilha com o mexicano Roberto González e com o britânico Will Stevens lidera a classificação, com 19 pontos de vantagem sobre o segundo (United Autosports), quando restam as corridas do Japão e do Bahrein.

“Se me tivessem dito que terminaria em segundo [em Monza], partindo de último, aceitaria de imediato. Estamos contentes e reforçámos a liderança do campeonato, que é sem dúvida o nosso objectivo para este ano. Faltam duas provas e queremos vencer este Mundial”, enfatizou Félix da Costa, citado pela assessoria de imprensa, após a prova em Itália.

Na senda de Albuquerque

O primeiro português (e único, até à data) a consegui-lo foi Filipe Albuquerque, que no passado fim-de-semana partiu da “pole position” entre os LMP2, mas acabou por experimentar problemas no sensor do acelerador, caindo para o último posto. Albuquerque (Oreca 07), que fez equipa com o britânico Phil Hanson e com o norte-americano William Owen, ainda recuperou até à 13.ª posição da categoria.

Para o piloto de Coimbra, o actual 10.º lugar no campeonato está muito distante da performance de 2019-20, época em que se sagrou campeão do mundo e em que venceria também o European Le Mans Series, igualmente aos comandos de um Oreca 07, da United Autosports.

“Nem sei o que dizer. Começámos bem, da linha da frente, mas há sempre alguma coisa a impedir-nos de traduzir o andamento em resultados. Desta vez foram problemas no acelerador, logo após uma situação de safety-car. Estávamos todos muito juntos e fomos para último. Quando a sorte não nos acompanha, não há nada a fazer”, lamentou.

Ao contrário do que sucedeu há dois anos, é o compatriota Félix da Costa quem está em posição privilegiada no Mundial de resistência. “A equipa realizou um trabalho incrível a nível de estratégia, que nos permitiu estar em posição de lutar pela vitória. Chegámos a liderar, mas na última hora tínhamos pneus mais desgastados e acabámos por terminar em segundo”, referiu, a propósito da corrida de Monza, em que o triunfo sorriu à Realteam by WRT, com Ferdinand Habsburg, Norman Nato e o angolano Rui Andrade (que corre com bandeira portuguesa) aos comandos.

Num dia de azar para outro português no Mundial de resistência, mas na categoria LMGTE AM — Henrique Chaves (Aston Martin) sofreu um aparatoso acidente quando liderava a prova, tendo o piloto de Torres Vedras saído incólume do carro — Félix da Costa deu um passo importante para voltar a colocar Portugal no topo da agenda do Mundial de resistência. A próxima paragem está guardada para as 6 horas de Fuji, no dia 11 de Setembro.

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