António Félix da Costa vai pôr um pé na F1 aos 19 anos

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António Félix da Costa foi o melhor estreante na F3 Series em 2010 dr

Português vai testar pela Force India na próxima semana. É mais um passo para chegar à grande competição. Objectivo a quatro anos

Tem apenas 19 anos, mas já é piloto profissional desde os 14, altura em que deixou de estudar para se dedicar exclusivamente aos automóveis e à missão de chegar à Fórmula 1. António Félix da Costa vai sentir na próxima semana o que é estar ao volante de um monolugar da competição automobilística mais importante, quando efectuar um teste pela Force India, em Abu Dhabi, o mesmo circuito em que se realiza a última prova do Mundial deste ano, no domingo.

"É um grande passo em frente e uma marca na minha carreira", diz ao PÚBLICO o piloto, que será o português mais jovem de sempre a sentar-se ao volante de um Fórmula 1. Com o teste pela Force India, Félix da Costa junta-se ao núcleo restrito dos pilotos portugueses com experiência de Fórmula 1, sendo o nono (se incluirmos os testes privados de Filipe Albuquerque) a conduzir o monolugar mais desejado. Os outros foram os quatro que participaram no Mundial de F1 - Nicha Cabral (quatro corridas em 1959, 1960, 1963, 1964), Pedro Matos Chaves (1991), Pedro Lamy (1993-96) e Tiago Monteiro (2005-06) - e outros quatro que realizaram testes: João Barbosa, Diogo Castro Santos, Álvaro Parente e Filipe Albuquerque. O luso-angolano Ricardo Teixeira vai também testar este ano pela Lotus.

Félix da Costa vai conduzir um Force India durante sete horas no circuito de Abu Dhabi, nas próximas terça e quarta-feira. O português vai partilhar o tempo de teste com o holandês Yelmer Buurman, estando agora a preparar-se fisicamente para um desafio mais exigente do que os que teve pela frente na Fórmula Renault 2.0, em que foi vice-campeão em 2008 e campeão em 2009, e na F3 Series, em que foi o melhor estreante em 2010.

A realização do teste pela Force India não quer, no entanto, dizer que a Fórmula 1 seja um objectivo imediato do jovem piloto. Até porque, como diz o pai de António, chegar lá demasiado cedo pode ser prejudicial. "O timing ideal era na próxima época fazer GP3, depois fazer dois anos GP2 e daqui a quatro estar a bater à porta da F1", diz Miguel Félix da Costa.

"O que ele não tem é físico"

Apesar de não ser sinónimo de entrada directa na F1, a oportunidade que o português vai ter em Abu Dhabi é importante para mostrar serviço. "Este teste é um palco privilegiado para quem tem unhas tocar guitarra", salienta Miguel Félix da Costa. E o filho também acredita que vai estar preparado, tendo passado o último mês e meio a trabalhar com um preparador físico, que o acompanhará em Abu Dhabi.

Fazer um teste de Fórmula 1 é também um investimento avultado, normalmente avaliado em 400 mil euros no caso de uma equipa da dimensão da Force India, sétima classificada no Mundial deste ano. "Posso só dizer que neste caso nos custou menos de metade", revela Miguel Félix da Costa, que contou com o apoio de patrocinadores.

O facto de o jovem ter o primeiro contacto com a F1 tão cedo é visto pelo pai com um misto de cautela e confiança. "Este teste com a Force India é um passo grande, talvez até prematuro. Mas na opinião de várias pessoas, incluindo o Tiago Monteiro [um dos responsáveis pela gestão de carreira], o António tem talento e maturidade para fazer um bom teste. O que ele não tem é físico", aponta Miguel Félix da Costa, destacando as cautelas que estão a ser tomadas. "Mas ele resiste muito bem à pressão", acrescenta o pai. O filho concorda e só pede que os portugueses acreditem que um dia vai chegar à Fórmula 1. E diga-se que nunca um português esteve, aos 19 anos, tão bem colocado para atingir esse sonho.

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