SATA prevê negociar saída de mais 50 trabalhadores até final de 2023

“Nós negociámos saídas até à data de cerca de 100 pessoas e ainda vão sair mais 50 até ao final de 2023”, declarou hoje o presidente da empresa, Luís Rodrigues. Bruxelas já aprovou ajuda pública portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros

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Companhia aérea publica registou prejuízos de 57 milhões em 2021. Apoio total à SATA ascende a 453,25 milhões Nuno Ferreira Santos

Cerca de 100 trabalhadores já saíram da companhia aérea açoriana SATA desde que foi lançado o primeiro programa de rescisões, em 2020, anunciou hoje o presidente da empresa, adiantando que outros 50 funcionários deverão sair até final de 2023.

O número foi revelado por Luís Rodrigues durante uma apresentação aos jornalistas do Plano de Reestruturação da SATA, que decorreu esta segunda-feira na sede da companhia de aviação, em Ponta Delgada. “Nós negociámos saídas até à data de cerca de 100 pessoas e ainda vão sair mais 50 até ao final de 2023”, declarou.

O primeiro programa de rescisões negociadas para saídas por mútuo acordo, pré-reformas e reformas antecipadas foi lançado no final de 2020.

Luís Rodrigues reforçou que a reestruturação do grupo não prevê despedimentos colectivos e destacou que a administração está em “contacto permanente com os sindicatos”.

“Neste momento, está a decorrer uma nova vaga interna de acordos de rescisão, pré-reformas, reformas antecipadas e saídas por mútuo acordo. A adesão tem sido interessante. Nesse tema, acho que não vai haver problema algum”, assinalou, enaltecendo a “paz social” no interior da empresa.

O presidente da companhia açoriana especificou que as rescisões têm sido “transversais”, não afectando nenhuma área ou serviço do grupo em particular.

“As rescisões têm uma particularidade: têm de ser feitas de acordo com a operação e de acordo com a chefia. Se houver alguma área em que as pessoas queiram ir embora e isso crie problema operacionais, não pode ser”, salientou.

Durante a apresentação, Luís Rodrigues avançou com “cinco pilares” para garantir a “sobrevivência e o desenvolvimento” da SATA: a “optimização da rede”, a “reestruturação da frota”, a “eficiência operacional”, a “negociação com fornecedores” e a “agilização do trabalho”.

O grupo de aviação prevê poupanças de 70 milhões de euros até 2025, através da “reestruturação da frota” e da “eficiência operacional”, implementando “programas de eficiência” para “optimizar o planeamento” e “reduzir o consumo de combustível em terra”.

A SATA vai ainda “reestruturar” o catering a bordo, reduzir os “custos de distribuição” (com o “fim das comissões pagas a operadores turísticos”) e “optimizar os serviços partilhados”, procedendo à “digitalização dos processos”.

Para atingir aquela poupança, a SATA pretende ainda negociar com os fornecedores os contratos do handling, dos “custos com estadias”, da manutenção das aeronaves (aumentando a “utilização de recursos internos") e do serviço de leasing.

A companhia quer proceder à “redução temporária da remuneração”, “reestruturar as subsidiárias” nos Estados Unidos e Canadá e renegociar os acordos laborais para “melhorar a produtividade e diminuir a contratação sazonal”.

Luís Rodrigues realçou ainda que de Janeiro a Junho de 2022 se registou o “melhor primeiro semestre de sempre” da SATA em termos de receita e que os resultados operacionais da companhia estão “em linha com o Plano de Reestruturação”. O presidente da companhia reforçou que o plano prevê a obtenção de resultados positivos em 2023.

Em 14 de Junho foi anunciado que a SATA teve em 2021 um resultado antes de juros e impostos positivo e um resultado líquido negativo de 57,4 milhões de euros, ainda assim uma melhoria de mais de 30 milhões face a 2020.

Em comunicado, a companhia revelou que o “resultado líquido consolidado melhorou em mais de 30 milhões de euros” no ano passado, comparativamente a 2020 (quando o prejuízo se fixou em 88 milhões), continuando, contudo, em “terreno negativo” no valor de 57,4 milhões de euros.

A Comissão Europeia aprovou, a 7 de Junho, uma ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais.

As dificuldades financeiras da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura em que a companhia aérea detida na totalidade pela Região Autónoma dos Açores começou a registar prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de covid-19, que teve um enorme impacto no sector da aviação.

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