Um espectáculo de moradores: Kantata do Tecto Incerto, porque “habitar é o primeiro acto político”

Este domingo, no Teatro São Luiz, e dia 9 no Largo da Achada, o busílis do direito à habitação torna-se música e palavra. Regina Guimarães escreveu sobre horas e horas de conversas com cidadãos afectados ou preocupados e 40 pessoas vão dar música ao poder e ao problema instituído.

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Ensaio Kantata do Tecto Incerto, Centro Mário Dionísio, Lisboa Miguel Madeira

Trepa-se a Mouraria, passa-se por molhinhos de turistas, chega-se à Casa da Achada — Centro Mário Dionísio e a rua está calma. Ao longe ouve-se cantar o fado, mas a pacatez deve-se também ao que o lusco-fusco de fim de Junho esconde — ou revela. A casa onde se prepara o ensaio do espectáculo comunitário Kantata do Tecto Incerto, com textos de Regina Guimarães a partir de testemunhos reais sobre a crise da habitação, está rodeada do problema. “À nossa frente está uma casa que foi esvaziada; está ali uma casa que tinha gente agora é AirBnB” aponta a produtora Catarina Carvalho, da Casa da Achada, de um lado para o outro da estreita rua. “Tem ali uma casa vazia”, continua, logo interceptada por Ana Paula, uma dos “cantantes” deste espectáculo e que ali morou mais de 40 anos, que sublinha: “Uma casa que resistiu ao terramoto”. Mas que não resistiu às transformações vorazes que a habitação em cidades com potencial turístico e imobiliário como Lisboa estão a sofrer. Por isso, eles cantam.

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