Empresários da construção, comércio e serviços prevêem subidas de preços

Indicador de confiança dos consumidores e o indicador de clima económico recuaram em Junho, segundo os últimos dados reunidos pelo Instituto Nacional de Estatística.

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daniel rocha/PUBLICO

Numa coisa consumidores e alguns sectores empresariais parecem estar de acordo: a perspectiva que têm é que os preços vão aumentar nos próximos meses em Portugal. É essa a expectativa expressa no último inquérito de conjuntura às empresas e consumidores, divulgado esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A saldo das perspectivas dos consumidores relativas à evolução futura dos preços, explica o instituto, “aumentou em Junho, após ter diminuído nos dois meses precedentes” e de ter registado em Março passado “o maior aumento” e “o valor mais elevado da série” em 25 anos, desde que foi iniciada, em Setembro de 1997. Março foi o primeiro mês completo após a invasão da Rússia pela Ucrânia e o início da guerra, a 24 de Fevereiro.

O organismo estatístico nacional salienta ainda que, no caso dos consumidores, “o saldo das opiniões sobre a evolução passada dos preços aumentou nos últimos nove meses”, prolongando “a trajectória acentuadamente ascendente iniciada em Março de 2021 e igualando o máximo da série atingido em Maio de 2008”.

O que o INE explica também é que vários sectores empresariais, embora não todos, têm a mesma perspectiva para o próximo trimestre, o que pode ser um sinal de agravamento da inflação – cujo valor de Junho será só divulgado amanhã pelo INE, naquela que será a primeira estimativa – no arranque do segundo semestre.

Diz o instituto estatístico nacional no comunicado hoje divulgado que “os saldos das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda aumentaram na construção e obras públicas, no comércio e nos serviços” este mês e diminuiu na indústria transformadora (assim como em Maio), mas, neste caso, depois de “ter aumentado nos dois meses precedentes” e de ter atingido em Março “um novo máximo da série iniciada em Janeiro de 1987”.

No caso da construção e obras públicas, diz o inquérito realizado pelo INE, “o saldo das perspectivas dos preços praticados” pelas empresas “nos próximos três meses aumentou em Junho, retomando o acentuado movimento ascendente observado desde Maio de 2021 e registando o valor máximo da série”.

No caso do comércio, “o saldo das perspectivas de evolução futura dos preços também aumentou em Junho, após ter diminuído em Abril e Maio, permanecendo num nível inferior ao máximo da série atingindo em Março”.

E, “o saldo relativo às expectativas de preços de prestação de serviços aumentou” também em Junho, após a diminuição registada em Maio, “permanecendo num nível abaixo do máximo da série registado em Abril”, e após “o acentuado movimento ascendente observado desde Maio de 2020”.

Globalmente, o indicador de clima económico “diminuiu em Maio e Junho, depois de ter estabilizado em Abril”, conclui ainda o INE, com os indicadores de confiança aumentarem em Junho “na indústria transformadora, no comércio e, de forma ligeira, nos serviços, tendo diminuído de forma expressiva na construção e obras públicas”.

Neste caso, pormenoriza o organismo, o indicador de confiança “diminuiu em todas as divisões - promoção imobiliária e construção de edifícios, actividades especializadas de construção, e engenharia civil, de forma particularmente expressiva no último caso”. A evolução no último mês “reflectiu o contributo negativo” das componentes de “apreciações sobre a carteira de encomendas e perspectivas de emprego, mais intenso no último caso”.

Consumidores menos confiantes

Junho terminou com o indicador de confiança dos consumidores também a diminuir, após ter aumentado nos dois meses anteriores.

“O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em Junho, após ter aumentado nos dois meses anteriores e de ter registado uma diminuição abrupta em Março”.

A evolução observada em Junho “resultou do contributo negativo de todas as componentes: expectativas relativas à evolução futura da situação económica do país, da situação financeira do agregado familiar e da realização de compras importantes por parte das famílias e opiniões sobre a evolução passada da situação financeira do agregado familiar”. Com Lusa

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