TAP começa a reduzir cortes salariais já este mês

Christine Ourmières-Widener, presidente executiva da TAP, confirmou que a reversão de parte do corte salarial, com efeitos retroactivos a Janeiro, avança já este mês. E afirmou que “a administração está a fazer tudo para salvar a companhia”.

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Christine Ourmières-Widener presidente da comissão executiva da TAP LUSA/Inácio Rosa

A presidente da comissão executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, afirmou esta terça-feira que a redução dos cortes salariais dos pilotos e dos restantes trabalhadores será aplicada ainda este mês.

Christine Ourmières-Widener falava na sede da TAP, em Lisboa, onde chamou os jornalistas para uma sessão de esclarecimentos, numa altura em que decorrem negociações com as estruturas sindicais.

No domingo, a TAP anunciou que vai reduzir em 10% o corte que os pilotos sofreram nos vencimentos (para 35%), e aumentar o patamar a partir do qual aplicará reduções nos salários dos restantes trabalhadores, que passará assim dos actuais 1330 euros para 1410 euros, no âmbito do processo de reestruturação negociado com Bruxelas.

“A aplicação desta garantia mínima [salarial] significa que os cortes efectivos não são de 25%, mas variam em média entre 12 e 15%”, referia e empresa na carta.

Numa comunicação aos trabalhadores a que a Lusa teve acesso, a TAP garante que vai ajustar o valor da garantia mínima sem corte em Junho e indica que a actualização é retroactiva a Janeiro de 2022, o que, em termos simplistas, representa um valor equivalente a dois salários mínimos nacionais sem redução, defende a gestão.

“Estas alterações e actualização retroactiva vão ser ambas realizadas com o salário de Junho de 2022”, pode ler-se na nota.

A TAP acrescenta que “relativamente aos pilotos, a redução de 10% no corte adicional está prevista a partir de 1 de Junho 2022 e será implementada no salário deste mês”.

Segundo defendeu Ourmières-Widener, apesar de não ter havido acordo com os sindicatos, a medida sobre o valor da garantia mínima “é justa” e a empresa “não pode ir mais longe” devido à situação da companhia aérea que, embora esteja “a voar mais” enfrenta um “Verão difícil”.

A TAP decidiu ainda reduzir em 10% (para 35%) o valor da redução salarial dos pilotos, uma medida que considerou “correcta” num momento em que “estão a contribuir para o plano e a trabalhar arduamente”, embora a empresa não possa ir mais longe.

“Queremos manter uma boa relação com os sindicatos”, sublinhou, acrescentando que espera que haja “respeito dos dois lados”.

"Mantenho a paixão por esta empresa"

Questionada sobre se mantém o apoio do Governo, após as estruturas sindicais terem pedido a sua demissão, a presidente da TAP respondeu que essa decisão cabe ao executivo de António Costa, manifestando vontade de continuar no cargo.

“Essa é uma questão para o Governo, mas para mim o compromisso mantém-se. Mantenho a paixão por esta empresa (...). Claro que, para mim, não é algo que gostaria de ver, mas é o que é, e quero ter uma longa e boa relação com os sindicatos para mostrar que o que estamos a fazer e as decisões que estamos a tomar são as correctas”, afirmou Christine Ourmières-Widener.

Questionada sobre uma eventual greve na TAP, Christine Ourmières-Widener disse que a discussão com os sindicatos vai continuar e que “a administração está a fazer tudo para salvar a companhia” e que quer fazê-lo “com todos os trabalhadores”.

Para a CEO da TAP, uma greve nesta altura seria incompreensível e “qualquer interrupção da operação teria um impacto crítico para o futuro da empresa”.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) acusou hoje a TAP de querer “enfraquecer qualquer posição mais radical” dos sindicatos, depois de ter anunciado um aumento da garantia mínima, segundo uma nota interna.

No documento, a que a Lusa teve acesso, o sindicato indicou que no domingo foi informado “pela comissão executiva da TAP, de um ‘generoso’ aumento da Garantia Mínima, estabelecida nos Acordos de Emergência”.

Na segunda-feira, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) acusou a TAP de “manipulação e propaganda” e garantiu que iria accionar “todos os mecanismos legais” para contestar o que dizem estar a ser “incumprido”.

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