Macron foi ao Leste da Europa e os adversários viram “desprezo” e “nervosismo”

Presidente justifica viagem com necessidade de preparar cimeiras da NATO e do G7 que se avizinham, enquanto Le Pen e Mélenchon têm leituras distintas a quatro dias da segunda volta das legislativas.

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Jean-Luc Mélenchon pronunciou-se três vezes sobre a viagem de Macron e as palavras do Presidente antes de partir Reuters/SARAH MEYSSONNIER

A viagem de Emmanuel Macron à Roménia e à Moldávia a poucos dias da segunda volta das legislativas francesas continuou a ser o assunto dominante da campanha eleitoral esta quarta-feira. Tanto Jean-Luc Mélenchon como Marine Le Pen criticaram o Presidente pela deslocação e por se ter dirigido aos franceses a partir da pista do Aeroporto de Orly, pouco antes de embarcar.

“É um desprezo ter prevista uma deslocação de três dias fora de França entre as duas voltas de uma eleição que vai determinar a política do nosso país”, disse, em comunicado, o líder da coligação de esquerda (NUPES), que já na véspera acusara Macron de encarar o escrutínio como “uma formalidade administrativa”.

Numa base militar da Roménia, o Presidente tinha respondido de manhã às palavras de Mélenchon. “Terá de me explicar como é que vir visitar os nossos soldados é uma forma de desprezo, é uma demonstração de respeito”, argumentou Macron, acrescentando que “ser Presidente da República é ser chefe das Forças Armadas”. O chefe de Estado justificou a viagem com a aproximação do fim da presidência francesa da União Europeia e a necessidade de “preparar decisões” com os aliados “antes das cimeiras da NATO e do G7 em que a agenda será importante.”

Mélenchon voltou ao tema mais tarde, repescando uma das frases que Macron proferiu na terça-feira – “nenhum voto deve faltar à República” – para novamente acusar o adversário de nervosismo e mostrar “inquietação com os deslizes de vocabulário” do Presidente. “Como se apenas o macronismo fosse a República. Todos os outros são os seus inimigos?”, questionou-se.

Também Marine Le Pen não deixou cair o assunto depois de uma primeira opinião manifestada na terça-feira. “Vi-o nervoso. Aquela declaração é uma prova de ansiedade em que vem pedir aos franceses que lhe dêem plenos poderes”, analisou a líder da União Nacional. “De cada vez que está em dificuldades eleitorais, Macron precipita-se para o estrangeiro”, atirou ainda Le Pen.

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