O São João do Porto regressa “descentralizado” mas sem fogo-de-artifício na Ponte Luís I e concertos nos Aliados

Por força de várias obras em curso, o fogo-de-artifício passará para o rio e a música espalhar-se-á por vários pontos da cidade.

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Este ano o fogo-de-artifício passa da ponte para o rio Douro. Paulo Pimenta/ARQUIVO

É tempo de o São João desconfinar para voltar a ser celebrado nas ruas, depois de dois anos com direito a festa só que apenas dentro de portas e com número limite de convidados. Este ano, as ruas voltarão finalmente a encher-se de gente e sem as limitações impostas pela pandemia. Porém, existem outras limitações – as obras que decorrem na cidade adiarão o regresso do fogo-de-artifício à Ponte Luís I e dos concertos à Avenida dos Aliados. Mas, o que poderia ser considerado uma contrariedade, a autarquia vê como uma oportunidade para “descentralizar”.

As dores necessárias da expansão do metro e a preservação do património edificado da cidade não vão deixar ninguém sem o tradicional foguetório, nem sem música. A cascata de fogo-de-artifício passa da ponte, em obras, para o rio – mais uma vez organizada a meias com a Câmara de Vila Nova de Gaia. Já os concertos espalham-se pela cidade por três pontos diferentes: Palácio de Cristal, Largo Amor de Perdição (Cordoaria) e Praça da Casa da Música.

Ainda assim, não será possível fazer a habitual travessia a pé de Gaia para o Porto pela Ponte Luís I, pelo menos a partir de determinada hora. Apesar de apenas estar a ser intervencionado o tabuleiro inferior, que será fechado a partir das 22h, também o superior estará interdito a peões e ao metro a partir das 23h45, por questões de segurança, já que os foguetes sairão do rio, perto da Ribeira.

O programa foi apresentado nesta terça-feira num dos locais que receberá parte dos concertos que se realizarão na noite mais longa do ano – nos jardins do Palácio de Cristal, onde actuarão a 23 de Junho às 20h os Santos Noventeiros, formados por Romana, Saúl e Marante. Será quase sempre assim, ao som de música popular portuguesa, como dita a tradição, que se fará a agenda musical das festas. Quem quiser optar por dar um pé de dança no baile da Cordoaria, no Largo Amor de Perdição, vai fazê-lo ao som de Toy e José Malhoa. Já para a praça frente à Casa da Música está preparada uma proposta mais alternativa que ficará a cargo de Chico da Tina, que há uns anos descobriu que o hip hop podia ser feito com a ajuda de uma concertina. Quem quiser sair para a rua sem programa definido, também não faltarão os arraiais espontâneos espalhados por diferentes bairros da cidade. Noutros dias, a música continuará a marcar presença com Quim Barreiros, Bandalusa ou Diapasão.

A Praça Mouzinho de Albuquerque já tem há alguns dias a zona de divertimentos e de restauração montadas. A partir desta quinta-feira será a vez de serem instaladas zonas semelhantes no Jardim do Cálem, em Lordelo do Ouro, e na Avenida D. Carlos I, no Passeio Alegre, para ali ficarem até 3 de Julho.

Ainda antes da noite de São João, a 18 de Junho, sairão à rua os Ranchos do Porto, ao início da tarde, para fazerem um percurso por várias ruas da Baixa. Já a 2 Julho é a vez das tradicionais Rusgas marcharem entre a Praça da Batalha e a Praça do General Humberto Delgado, com passagem pela Avenida dos Aliados, onde habitualmente param a marcha – este ano as obras do metro não permitem que assim seja.

O presidente da câmara, Rui Moreira, presente na apresentação do programa, sublinhou este regresso a “uma normalidade que parecia perdida”, ainda que ajustada às obras da cidade. Este ajuste acabou por ser fundamental para iniciar-se um processo de “descentralização”. “Alguém que o faça”, ironizou, remetendo para os recentes avanços que deram origem à saída do Porto da Associação Nacional de Municípios Portugueses. Ainda assim, salientou que este pode ser um modelo a seguir nos anos seguintes.

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