PS de Vila Franca de Xira perde maioria absoluta na Assembleia e pondera queixa-crime

Militante decidiu sair do partido e passar a independente. PS pondera avançar com queixa-crime pois a demissão foi anunciada através de um mail com o nome da concelhia mas que o partido diz ser falso.

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O PS tem também de maioria relativa na Câmara e mantém um entendimento de gestão com a coligação liderada pelo PSD lm miguel manso

Célia Monteiro, eleita do PS na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira, decidiu deixar o partido e passar ao estatuto de independente, alegando divergências graves com o líder da concelhia. A decisão, anunciada no final da semana passada por mail enviado por um remetente que os socialistas dizem ser falso, retira a maioria absoluta que o PS tinha no órgão deliberativo municipal vila-franquense. O partido dispõe também de maioria relativa na Câmara e mantém um entendimento de gestão com a coligação liderada pelo PSD.

Quatro órgãos de comunicação social da região receberam, no dia 1, uma comunicação por e-mail oriunda do remetente comissaopoliticaconcelhiapsvfx@gmail.com. “Informamos que Célia Monteiro, líder das Mulheres Socialistas do PS VFX, abandonou o Partido Socialista e todos os cargos para os quais foi eleita, nomeadamente na Assembleia Municipal e no Secretariado do Partido, por divergências pessoais e políticas com o actual presidente da CPC, Paulo Afonso”, lia-se na missiva, que acrescentava que “esta é já a terceira baixa socialista, depois de Pedro Castelo e João Trindade, desde que Paulo Afonso assumiu funções como presidente do PS VFX em 2018”.

Em anexo foi enviada cópia da carta de demissão, onde Célia Monteiro (militante do PS desde Dezembro de 2015) explica que, com esta missiva, entrega o seu cartão de militante. “A minha inscrição foi por via política local/concelhia e essa tem tido uma escalada crescente de falta de decoro, de promiscuidade e de devassa da minha vida pessoal, inqualificável e com alcance jurídico a considerar”, refere Célia Monteiro na carta dirigida aos órgãos do PS, concretizando que cessa funções “imediatamente” enquanto presidente concelhia das Mulheres Socialistas e que vai manter o seu mandato na Assembleia Municipal, agora com o estatuto de independente.

Célia Monteiro considera, ainda, que o sucedido pode configurar “uma grosseira violação” da Declaração Universal dos Direitos do Homem onde refere que “ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação”.

Como consequência de tudo isto, o órgão deliberativo municipal, que tinha 20 eleitos do PS (14 directos e seis presidentes de junta) e 19 das restantes forças partidárias, passa a ter 19 eleitos do PS e 20 das restantes forças, incluindo a independente Célia Monteiro.

Paulo Afonso, presidente da Comissão Política Concelhia do PS de Vila Franca de Xira, não quer tecer grandes comentários ao teor desta comunicação, alegando que o assunto vai ser abordado numa reunião plenária da Comissão Política Concelhia agendada para dia 8 de Junho. O líder da concelhia socialista aborda, no entanto, três aspectos relacionados com o tema. Sublinha que ao longo do mandato tem havido “maiorias variáveis” nas votações da Assembleia Municipal e que “o PS continua com a sua maioria relativa” e vai “continuar a construir soluções de trabalho na Assembleia Municipal”.

Depois, Paulo Afonso admite que “houve diferenças de ideias e ponderou-se muito a forma como interpretamos a vida partidária, a militância e a participação”, mas afiança que “daí a falar-se de devassa da vida privada, nunca participei nisso, quem me conhece suficientemente percebe que nunca faria isso. Agora que isto é um facto político estranho, é. Mas é o que é”, afirma Paulo Afonso, frisando que outra questão que será abordada na reunião desta quarta-feira da Comissão Política Concelhia é a possibilidade de avançar com uma queixa-crime, porque “foi usado um e-mail com o nome da concelhia do PS, mas que é falso. Se a Comissão Política concordar faremos uma queixa-crime”, conclui Paulo Afonso.

Já Célia Monteiro afiança que desconhece completamente a origem deste e-mail e que vai procurar desempenhar da melhor forma o cargo para que foi eleita pela população do concelho.

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