Um empate para começar

Selecção portuguesa resgata um ponto no confronto com a Espanha em Sevilha. Cristiano Ronaldo começou no banco e jogou a última meia-hora. Ricardo Horta marcou o golo português.

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Sarabia fez a assistência para o golo da Espanha Reuters/MARCELO DEL POZO

É daqueles casos clássicos de “exibição pior que o resultado”. A selecção portuguesa conseguiu arrancar um empate (1-1) em Sevilha contra a Espanha, na abertura do Grupo 2 da Liga das Nações A. Depois de ter estado quase uma hora em desvantagem, Portugal conseguiu resgatar o empate com um golo de Ricardo Horta aos 82’. Este desfecho vale a Portugal o segundo lugar no agrupamento, a par da “roja”, ambas trás da República Checa, que bateu a Suíça por 2-1. Serão os suíços os próximos adversários da selecção portuguesa, no próximo domingo, em Alvalade.

Fernando Santos acertou em cheio na sua análise à “roja”, identificando a sua maior força, não tanto a posse de bola (que dominou em grande proporção), mas a capacidade na recuperação e as suas consequências. Foi o que começou por fazer a diferença no resultado de mais um duelo entre as duas nações ibéricas, uma recuperação de bola num erro não forçado, seguido de um contra-ataque perfeitamente executado e concretizado. Mas quando já não parecia ter argumentos para tirar alguma coisa do jogo, Portugal conseguiu rectificar a entrada em falso e chegou ao empate, o quinto consecutivo entre os rivais ibéricos.

No Estádio Benito Villamarín, Portugal apresentou-se com algumas mudanças surpreendentes, mas que faziam sentido de acordo com a necessidade de gestão anunciada por Santos. Para o primeiro de quatro jogos em 11 dias, Cristiano Ronaldo ficou no banco, algo que já não se via há cinco anos num encontro oficial, com a promoção de Rafael Leão, melhor jogador da época na Série A, a estrear-se como titular na selecção num ataque a três com André Silva e Otávio. Seria uma estratégia para fazer uma pressão alta sobre a construção espanhola, três jogadores com mais apetência para as tarefas defensivas – Ronaldo, já se sabe, não contribuiu tanto para esta dimensão.

A Espanha entrou com a vontade de sufocar Portugal, de ocupar todo o terreno e só abrandar quando chegasse ao golo, liderada pelo experiente Busquets e pelo adolescente Gavi. Foi mesmo o jovem de 17 anos do Barcelona o primeiro a criar perigo aos 3’, num remate frontal dentro da área que só não foi para a baliza de Diogo Costa porque Pepe desviou para canto.

A selecção portuguesa lá conseguiu libertar-se das amarras e começou a apostar no contra-ataque, quase sempre pelo flanco esquerdo. Aos 18’, Bruno Fernandes conseguiu manter o jogo perto da área espanhola e solicitou Raphael Guerreiro. O lateral do Dortmund deixou um adversário para trás e colocou Leão na cara do golo, mas o jovem avançado do AC Milan atirou por cima.

Pouco depois, viria o golo da Espanha, aos 25’. Para tentar manter o ataque vivo, João Cancelo deu um toque de calcanhar para trás, pensando que tinha alguém nas costas. E tinha, mas não era nenhum dos outros dez portugueses. Era Gavi, que acelerou com a bola no pé e esperou pelo momento certo para a libertar na direcção de Pablo Sarabia. O jogador que brilhou esta época no Sporting também foi de uma precisão absoluta no passe final para a concretização de Álvaro Morata.

Portugal abanou com o golo sofrido e, por pouco, não sofreu o segundo aos 29’, numa dupla oportunidade de Soler, com tempo e espaço para dois remates na grande área. O primeiro foi desviado por Diogo Costa e a recarga saiu por cima. Ainda antes do final da primeira parte, André Silva teve um tiro de perigo relativo à baliza de Simón, bastante longe do alvo.

Era claro que a selecção portuguesa estava a perder no duelo do meio-campo e, após o intervalo, entrou Rúben Neves para o lugar de Moutinho. Portugal melhorou e esteve bem perto do golo do empate aos 54’. André Silva serviu como o pivot do ataque e segurou a bola o tempo suficiente para a chegada de Leão, que voltou a falhar na cara do golo, mais uma de múltiplas más decisões do talentoso avançado milanista. Pouco depois, iria sair para dar lugar a Cristiano Ronaldo.

Já bem perto do final do jogo, com uma equipa bem diferente da que começou (já lá estavam Ronaldo, Ricardo Horta, Matheus Nunes e Guedes), foi uma novidade na era Fernando Santos a fazer a diferença. Aos 82’, Cancelo apagou o seu erro no golo espanhol com um brilhante cruzamento que foi direitinho para Horta fazer o empate. Em poucos minutos em campo, o goleador do Sp. Braga (na sua segunda internacionalização) fazia na selecção aquilo que faz há várias épocas na formação minhota.

Portugal entrou em modo gestão para os últimos dez minutos e por pouco não deitou tudo a perder. Aos 88’, Jordi Alba falhou um cabeceamento com a baliza aberta, depois de uma intervenção deficiente de Diogo Costa. Foi um último grande susto numa noite em que a selecção portuguesa não foi particularmente brilhante, mas sobreviveu. E empatar em casa do outro grande favorito do grupo nunca é um mau resultado.

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