A Solidão como Paraíso

O Perfume das Flores à Noite é uma reflexão original e inteligente sobre essa monstruosidade que é o ofício da escrita.

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Leila Slimani, a autora de No Jardim do Ogre, Canção Doce (Prémio Goncourt) e O País dos Outros Andreia Patriarca/Arquivo

Tudo começa com uma recusa. Leila Slimani, a autora de No Jardim do Ogre, Canção Doce (Prémio Goncourt) e O País dos Outros — para além de peças de investigação jornalística — afirma peremptoriamente que o ofício da escrita obriga a que se diga constantemente “não”: não ir ao cinema, não sair com amigos, não estar disponível, não ter obrigações. Para escrever, só deseja uma solidão benfazeja, longe da actividade mundana ligada à chamada “divulgação”, cada vez mais associada às exigências da publicação. Mostra-se avessa à sociabilização, como explica no início deste seu mais recente livro, O Perfume das Flores à Noite, uma reflexão original e inteligente sobre essa monstruosidade que é o ofício da escrita; “monstruosidade” porque implica uma transformação por parte de quem escreve, uma metamorfose que passa por mil e um estádios físicos, psicológicos e emocionais, do mal-estar, quando a escrita não flui, à euforia, passando pela frustração ou pela apatia.

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