Prémios Goncourt e Renaudot atribuídos a Leïla Slimani e a Yasmina Reza

As escritoras receberam os prémios pelos romances Chanson Douce e Babylone, respectivamente.

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A escritora Leila Slimani REUTERS/Jacky Naegelen

O Prémio Goncourt foi atribuído esta quinta-feira à romancista franco-marroquina Leïla Slimani, 35 anos, pelo livro Chanson Douce, que tem por tema um infanticídio, anunciou o júri daquele que é o prémio literário mais importante em língua francesa.

O romance, que é já um sucesso nas livrarias em França, é o segundo livro de Leïla Slimani (depois de Dans le Jardin de l'Ogre, 2014), que se torna uma das poucas mulheres a ter recebido o Prémio Goncourt.

Nos últimos 20 anos, apenas quatro autoras o receberam; e na história centenária deste prémio criado em 1903, só houve 12 mulheres vencedoras. O ano passado, o prémio foi para Bússola, de Mathias Enard (ed. Dom Quixote), um romance sobre as relações entre o Oriente e o Ocidente.

“O bebé morreu”. Começa assim a narrativa de Chanson Douce, em que Leïla Slimani conta a história do assassinato de duas crianças pela sua ama, Louise, aparentemente uma mulher discreta, voluntariosa e dedicada ao seu trabalho, o género de ama que todos os pais procuram para os seus filhos.

Inspirada numa história real acontecida em Nova Iorque, em Outubro de 2012, a obra de Leïla Slimani, que se lê como um thriller, é também um livro implacável na forma como aborda a ligação entre as relações de poder e a miséria social.  

Reagindo à conquista do Goncourt, Leïla Slimani dedicou-o aos seus pais, que lhe ensinaram “o amor pela literatura e pela liberdade”. “Eu sempre gostei de ouvir contar estas histórias de amas”, disse a jovem escritora, ouvida pela AFP no famoso restaurante Drouant, no centro de Paris, onde tradicionalmente se reúne o júri do prestigiado prémio.

Renaudot também para uma mulher

Também esta quinta-feira, o Prémio Renaudot foi igualmente atribuído a uma mulher. Neste caso, à romancista e dramaturga francesa bem conhecida Yasmina Reza, 57 anos, que o recebeu por Babylone, a história de outro homicídio, desta vez a de um homem que estrangula a mulher por causa de um mal-entendido. Babylone é tanto um romance negro (trata de um crime) como a análise subtil das nossas “vidas pequeninas”, condenadas ao esquecimento.

“Para mim, Babylone trata do mundo dos desaparecidos, das emoções que não pudemos viver, de toda essa humanidade que ficou para trás”, disse Reza em recente entrevista à AFP.

Na quarta-feira, o prémio Médicis foi atribuído a Ivan Jablonka pelo livro Laëtitia ou la Fin des Hommes, “um retrato sensível da vítima de um fait divers que surpreendeu a França”, segundo a descrição da AFP.

Nesta semana em que se encerrou a temporada dos prémios literários em França, o Femina fora dado, na terça-feira, a Marcus Malte pelo romance Le Garçon, um convite a uma viagem ao início do século XX, na companhia de um rapaz sem nome.

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