Portugal está entre os “Rolls-Royce” da educação mundial, diz especialista da UNESCO

Bureau Internacional da Educação está actualmente “a ajudar 48 países nas suas reformas políticas relativas à educação”.

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“Autonomia” e a “flexibilidade curricular” exigem muito de todas as partes envolvidas tiago lopes

A especialista em currículos escolares Amapola Alama, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), comparou esta quarta-feira Portugal a um Rolls-Royce pela qualidade do seu sistema educativo, incluindo-o entre os 40 melhores do mundo.

As declarações da directora da Unidade de Assistência Técnica aos Estados-membros da UNESCO no Bureau Internacional da Educação foram proferidas no 2.º Encontro Nacional de Autonomia e Flexibilidade Curricular, que a Direcção-Geral de Educação tem a decorrer desde terça-feira no centro de congressos Europarque, em Santa Maria da Feira, e que esta manhã reuniu cerca de 800 participantes nesse auditório do distrito de Aveiro.

Acumulando mais de 30 anos de experiência no apoio a países em processos de reforma educativa, sempre com o objectivo de melhorar a qualidade e relevância dos respectivos currículos, Amapola Alama fez a comparação entre o sistema português e o automóvel de luxo ainda antes de ouvir a síntese do ministro português da Educação sobre a transformação curricular em curso desde 2015 nas escolas nacionais e os modelos de monitorização implementados para avaliar as respectivas mudanças.

“Vocês são o Rolls-Royce dos sistemas de educação. Estão entre os 40 países de topo no mundo da educação”, disse a especialista à plateia, constituída sobretudo por directores de agrupamentos escolares e centros de formação, representantes dos organismos da tutela e outros profissionais e agentes do sector.

Amapola Alama defendeu que “o currículo é a força motriz de um sistema educativo e dá forma à visão que um país tem para a sua educação”, na medida em que, tanto ao nível técnico como político, estabelece “o quê, o como e o para quem” de todos os patamares do processo, abrangendo desde manuais escolares, a infra-estruturas físicas e modelos de gestão.

Referindo que o Bureau Internacional da Educação está actualmente “a ajudar 48 países nas suas reformas políticas relativas à educação”, a especialista alerta, contudo, que um problema comum é “a incoerência entre o currículo implementado e aquele a que efectivamente se acede” — como acontece, por exemplo, “quando a instituição de ensino não alinha os seus professores com o que o currículo determina e, apesar de ter mudado para um modelo baseado em competências, os docentes continuam a só avaliar os alunos pelo que aprendem de cor”.

Quanto ao modelo que vem sendo adoptado em Portugal, Amapola Alama reconheceu-lhe a mesma missão social que a UNESCO vem seguido desde que, em 2015, passou a trabalhar os objectivos de equidade e a igualdade não em programas separados, mas sim “numa agenda única”.

No mesmo sentido de sucesso educativo para todos, a especialista incentivou à confiança nas “palavras maravilhosas” que inspiram o evento a decorrer no Europarque: a “autonomia” e a “flexibilidade curricular” exigem muito de todas as partes envolvidas, mas também têm “o poder de realmente inovar e transformar”.

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