Prisão preventiva para dois fiscais da câmara de Lisboa suspeitos de corrupção

O terceiro arguido detido pela PJ por suspeitas de corrupção, que é empresário e proprietário de uma obra em Lisboa, não poderá contactar os outros envolvidos no processo.

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Operação conduziu à detenção de fiscais da câmara Daniel Rocha

Os dois fiscais de obras da Câmara Municipal de Lisboa detidos nesta terça-feira pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de corrupção passiva vão aguardar o processo em prisão preventiva, após interrogatório judicial, disse à Lusa fonte ligada à investigação.

Segundo a mesma fonte, o terceiro arguido detido pela PJ por suspeitas de corrupção, que é empresário e proprietário de uma obra em Lisboa, vai aguardar o desenrolar do inquérito sujeito à medida de coação de proibição de contactos com outras pessoas envolvidas no processo.

Os três suspeitos de corrupção foram hoje à tarde submetidos a interrogatório por um juiz de instrução criminal.

A PJ anunciou nesta terça-feira que seguiu um “encontro previamente agendado” entre os dois fiscais da Divisão de Fiscalização da autarquia de Lisboa e um “cidadão proprietário de uma obra em curso na cidade de Lisboa”.

A investigação dirigida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa levou à emissão de mandados para buscas domiciliárias e também nos postos de trabalho dos dois funcionários municipais.

A PJ revelou ter apreendido “prova relevante” e “elevadas quantias” de dinheiro.

Em reacção, a Câmara de Lisboa (CML) afirmou que a transparência e o combate à corrupção são “uma prioridade central” no trabalho da autarquia. “Para o actual executivo, a transparência e o combate à corrupção são uma prioridade central no trabalho que é desenvolvido diariamente na Câmara Municipal de Lisboa”, pode ler-se numa curta nota enviada à Lusa.

Por sua vez, o ministro das Finanças e ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Fernando Medina, disse esperar que “quem tenha prevaricado” seja sancionado pela Justiça. Questionado, em Bruxelas, sobre o assunto, Medina disse que viu “a notícia dessa acção” e que espera “que ela se desenvolva no cumprimento que permita apurar a verdade, e que quem tenha prevaricado relativamente ao exercício de funções públicas que sofra a sanção adequada que a lei prevê”.

“Mas gostava de ser muito claro sobre isso: isso não envolve nenhum membro do executivo camarário. Espero naturalmente que a Justiça cumpra o seu papel com eficácia e que a Polícia Judiciária o faça com eficácia”, prosseguiu o actual ministro das Finanças, que dirigiu a CML até Setembro do ano passado.

Questionado sobre se, durante a sua gestão, alguma vez teve conhecimento de problemas de corrupção na Divisão de Fiscalização, o antigo presidente da Câmara respondeu negativamente de forma peremptória. “Naturalmente que não tive [conhecimento], porque senão teria relatado”, disse.

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