Culpa e altruísmo: modo de usar

Álvaro Correia (assessorado pelo cenário de André Guedes, pelo desenho de luz de Manuel Abrantes e a estimulante sonoplastia de Victória, para além do rigor e da segurança do elenco) compreendeu muito bem a substância de Os Filhos.

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Maria José Paschoal, Custódia Gallego e João Largato partilham o palco FILIPE FIGUEIREDO
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Texto da dramaturga Lucy Kirkwood (n. 1983), tida em conta de grande esperança do teatro inglês FILIPE FIGUEIREDO
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Kirkwood explora a humanidade por detrás da frustração dos três cientistas, levando-os a uma espécie de introspecção dolorosa carregada de episódios pessoais FILIPE FIGUEIREDO
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FILIPE FIGUEIREDO

O mote de Os Filhos, quando estreou, em 2016, era o desastre na central nuclear de Fukushima, no Japão, cinco anos antes, e, claro, as eventuais lições que ainda sobravam da tragédia de Chernobyl, umas décadas atrás. Meia dúzia de anos depois, com a central nuclear ucraniana ocupada por tropas russas e Putin ameaçando o mundo com a possibilidade de um Inverno nuclear como nunca se viu, é tentador ver na peça uma diatribe contra o nuclear particularmente actual. Desenganem-se. As três personagens em cena estão ali ajustando contas com a culpa e a necessidade do sacrifício como possibilidade de redenção – o que serve bem para uma geração se olhar ao espelho quando outra olha para ela com desconfiança.

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