Dave Chappelle e Chris Rock juntaram-se em palco para falar dos ataques de que foram alvo

“Ao menos levaste uma estalada de alguém de renome”, riu-se Chappelle para Rock na quinta-feira à noite num espectáculo “secreto” em Los Angeles.

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Dave Chappelle numa fotografia de arquivo Reuters/GAELEN MORSE

Os comediantes Dave Chappelle e Chris Rock juntaram-se em palco na noite de quinta-feira para falar dos ataques de que foram alvo, num espectáculo especial que é descrito como “secreto” pela (pouca) imprensa presente. Chappelle, que na terça-feira à noite foi atacado no Hollywood Bowl no final de uma noite de comédia, explicou mais sobre o seu agressor e Rock brincou com o estatuto diferente do seu próprio agressor, o actor Will Smith, nos Óscares de Março.

“Ao menos levaste uma estalada de alguém de renome”, riu-se Chappelle para Rock, citado pela revista Hollywood Reporter, cujo jornalista estava numa assistência de apenas 70 pessoas em que figuravam convidados como os empresários e estrelas Kim Kardashian e Sean “P. Diddy” Combs. “Eu levei uma estalada de um sem-abrigo com folhas no cabelo”, brincou, depois de ter explicado que ao ser placado e atirado ao chão repentinamente, agarrou o cabelo de Isaiah Lee, de 23 anos.

A resposta de Chris Rock, que se juntou a Chappelle em palco após cerca de dez minutos de o comediante ter encetado o seu número, foi no mesmo tom. “Eu levei um estalo do [calão que evoca indivíduo de etnia negra] mais mole que alguma vez ‘rappou'”, disse sobre Will Smith, cuja carreira no entretenimento passou também pela música, um estilo de rap mais familiar e sem palavrões.

O ataque a Dave Chappelle ressuscitou um dos temas mais discutidos da actualidade do entretenimento do ano e voltou a fazer incidir o foco sobre a violência e a comédia. Nas horas que se seguiram ao incidente, mais detalhes foram sendo divulgados sobre o agressor, que foi detido e sofreu ferimentos descritos como “ligeiros” pela polícia de Los Angeles; o homem não será alvo de uma acusação criminal por parte da procuradoria do distrito de Los Angeles, mas a procuradoria da cidade de Los Angeles considera que o “alegado ataque tem de ter consequências” e apresentou quatro queixas por delitos menores contra Lee.

Chappelle, que no espectáculo de quinta-feira disse ao público expectante que foi acalmado pelo filho e pelo actor Jamie Foxx, que acorreram a ajudá-lo após o incidente, revelou pela primeira vez que pediu à polícia para falar com o seu agressor. “Precisava de falar com ele”, disse quinta-feira na sala Belly Room, no Comedy Store, também em Los Angeles, e perceber as suas motivações para o ataque. Dave Chappelle descreveu uma interacção em que o homem terá falado de queixas contra a gentrificação e os efeitos que teve na avó e no seu bairro natal de Brooklyn, em Nova Iorque, e diz ter ficado com a impressão de que Lee sofreria de algum tipo de perturbação.

O comediante de 48 anos era cabeça de cartaz de uma sequência de quatro noites no Hollywood Bowl, onde decorre até sábado o festival Netflix is a Joke, promovido pela plataforma de streaming onde Chappelle tem estreado os seus mais recentes especiais de humor stand-up — o último dos quais, The Closer, gerou fortes críticas pelas posições sobre a comunidade transgénero, que lhe mereceram o rótulo de transfóbico.

O espectáculo de quinta-feira à noite tinha um cabeça de cartaz não revelado mas diz a Hollywood Reporter que começaram a circular rumores de que seria Chappelle, o que precipitou a venda de bilhetes. Michelle Wolf, que actuara no festival Netflix com Chappelle, fez o número de abertura da noite. Chappelle comentou com o público presente que recebeu mensagens de apoio de muitos colegas e amigos, nomeando entre eles o comediante caído em desgraça Louis C.K, um dos mais admirados nomes da comédia americana do século XXI e que admitiu ter-se masturbado frente a colegas do sexo feminino sem a sua permissão (C.K. esgotou recentemente dois espectáculos em Lisboa e Porto).

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