Bielorrússia anuncia exercícios militares para testar prontidão de combate

Governo ucraniano teme que exército bielorrusso possa ser utilizado para ataque a Kiev.

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Alexander Lukashenko com Vladimir Putin em Moscovo, uma semana antes da invasão da Ucrânia Reuters/SPUTNIK

A Bielorrússia, país aliado da Rússia, anunciou, na madrugada desta quarta-feira, que as forças armadas do país iniciaram uma série de exercícios militares para avaliar a prontidão da sua capacidade de resposta e combate perante uma possível “crise”, afirmou o serviço de imprensa do Ministério da Defesa.

“Foram iniciados exercícios surpresa para analisar a reacção das Forças Armadas da Bielorrússia, durante os quais as unidades e sub-unidades militares terão de ficar em alerta, marchar para áreas designadas e realizar tarefas de treino de combate”, afirmou o ministério, citado pela agência de notícias TASS.

O Ministério da Defesa sublinhou que as actividades em curso são apenas uma das formas mais eficazes de formação de tropas e que não representam qualquer ameaça para a comunidade europeia ou sequer para os seus países vizinhos. Porém, indicou que o número de forças envolvidas nestes exercícios militares “aumentarão gradualmente, o que permitirá testar a capacidade de combater ameaças militares, tanto pelo solo como pelo ar.”

A Reuters avançou também que o Presidente russo, Vladimir Putin, e o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, discutiram na terça-feira a operação militar russa na Ucrânia. O Serviço Estatal de Guarda de Fronteiras da Ucrânia falou na possibilidade de Vladimir Putin recorrer às forças armadas da Bielorrússia para atacar Kiev.

“Não descartamos que a Federação Russa possa, em algum momento, usar o território da Bielorrússia e as Forças Armadas da República da Bielorrússia, contra a Ucrânia. Portanto, estamos prontos para isso”, afirmou o porta-voz deste serviço estatal que destacou que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já acusou várias vezes o regime de Minsk de cumplicidade com a Rússia na invasão do território ucraniano, que decorre desde 24 de Fevereiro.

A Moldova, por sua vez, não vê nenhuma ameaça iminente de distúrbios decorrentes da guerra na Ucrânia, apesar das “provocações” de separatistas pró-Rússia nos últimos dias, mas tem vindo a fazer planos de contingência para cenários “pessimistas”, revelou a Presidente Maia Sandu esta quarta-feira.

Os temores de que a Moldova pudesse ser arrastada para o conflito na vizinha Ucrânia cresceram na semana passada, depois de separatistas pró-russos, na região da Transnístria, terem relatado uma série de ataques e explosões, que atribuíram a Kiev. Sandu e o seu governo pró-ocidente atribuíram a culpa destes incidentes às facções separatistas “pró-guerra”.

A União Europeia está a considerar fornecer apoio militar adicional à Moldova, segundo disse o presidente do Conselho da UE, Charles Michel, em visita a Chisinau nesta quarta-feira, citado pela Reuters. O bloco de 27 países está a analisar como pode fornecer este apoio à Moldova, que inclui uma maior ajuda na construção das forças do país, disse Michel numa conferência de imprensa conjunta com a Presidente moldava.

Afirmou ainda que este apoio se somaria à ajuda nas áreas de logística e defesa cibernética, que a UE já havia concordado. Michel recusou-se a dar quaisquer outros detalhes, mas disse que era extremamente importante evitar mais uma escalada do conflito.

A notícia surge no dia em que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse à BBC que as informações dos serviços secretos norte-americanos indicam que as forças russas não estão apenas a planear entrar na Ucrânia pelo leste, via Donbass, mas também pela Bielorrússia, e que planeiam cercar a capital ucraniana, Kiev.

A Bielorrússia, país vizinho da Ucrânia, tem sido alvo de pesadas sanções económicas devido à sua colaboração na ofensiva russa, punida com medidas que atingem uma economia muito dependente da Rússia e estrangulada por anteriores vagas de represálias económicas por parte do Ocidente.

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