O romance como suprema síntese intelectual: Milan Kundera

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Francois LOCHON/Gamma-Rapho via Getty Images

“Não estou pegado a nada excepto ao desprezado legado de Cervantes.” A frase é de Milan Kundera, dita sem qualquer lirismo e abre o documentário que recentemente passou na RTP2, Milan Kundera Odisseia de Ilusões Traídas, da autoria do checo Milos Smídmajer. É uma declaração, ao mesmo tempo, de desapossamento e de pertença. Ele pertence ao romance. O romance é a sua casa, a sua terra, a sua razão de viver, o seu modo de pensar o mundo. Substitui-se a uma ideia de pátria, substitui-se mesmo à língua, já que Kundera deixou de escrever em checo e passou a fazê-lo em francês a partir do momento em que lhe foi tirada a nacionalidade por críticas ao regime comunista. Era a medida derradeira. Depois das críticas directas ao partido de que fizera parte na juventude, depois da afronta para o regime que constituiu a publicação do romance A Brincadeira, em 1967, depois de Kundera ter sido impedido de dar aulas de literatura em Praga. Foi para França 1975 sem saber que o abandono da então Checoslováquia seria para sempre.

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